Massa magra e ingestão proteica

Várias são as modificações fisiológicas que o envelhecimento humano vem acompanhado, e, uma delas, é a redução da massa muscular, e consequentemente, redução do desempenho físico e autonomia! Existem algumas estratégias nutricionais que reduzem esse risco, garantindo melhor qualidade de vida para a terceira idade. Uma dessas estratégias é a ingestão adequada de proteína ao longo do dia. Mas será que o simples aumento da ingestão proteica já é suficiente para garantir essa manutenção? A partir desse questionamento, os autores dessa publicação de maio de 2017 decidiram observar se a distribuição proteica correta ao longo do dia seria mais interessante do que somente aumentar a ingestão total. Para isso, acompanharam 827 homens e 914 mulheres durante 3 anos, avaliaram o desempenho físico dos participantes, e o % e a quantidade em gramas de proteína em cada refeição. Ao final do estudo os autores concluíram que uma distribuição correta de proteína em todas as refeições do dia (20-40g de proteína / refeição), foi mais efetiva para a manutenção da massa muscular, quando comparado com dias alimentares que tinham proteína somente em algumas (poucas) refeições. Por isso lembre-se, uma boa orientação alimentar precisa ser muito bem elaborada, e o profissional que faz isso muito bem é o nutricionista!

Romã e Diabetes

O estresse oxidativo é uma das principais causas para as complicações micro- e macro-vasculares do diabetes mellitus. Recentemente, uma grande atenção tem sido dada aos antioxidantes naturais, tais como polifenois na dieta, para diminuir os danos oxidativos nesses pacientes. Nessa publicação, foi avaliado o efeito do consumo de 200 mL/dia de suco de romã (Punica granatum) em 60 pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (de 40-65 anos). Após 6 semanas de estudo, o grupo que tomou 200 mL de suco de romã por dia obteve uma melhora do estresse oxidativo, sugerindo que a romã pode ser um aliado interessante no tratamento do diabetes mellitus. Para usufruir deste benefício sem prejuízos a saúde, procure por um nutricionista!

Ovo e colesterol

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, e uma das principais metas de tratamento para a redução do risco de desenvolvimento dessas doenças é a redução de colesterol. Para atingir essa meta alguns alimentos são foco de redução de consumo, e o ovo sempre sofreu “bullying” nesse contexto, por conter 140-230 mg de colesterol/ovo. Na tentativa de esclarecer melhor essa relação, os autores dessa revisão publicada em 2017 buscaram referências sobre o assunto, e concluíram que o consumo de até 6 ovos por semana não aumenta o risco de infarto, e outras várias publicações não observam nenhum risco cardiovascular associado ao consumo de ovo, sem determinar ingestão máxima semanal. O detalhe importante está na observação da presença dos polimorfismos dos genes ABCG5 e ABCG8, que indica uma “hiper-resposta” ao consumo de colesterol, e nesses casos o consumo de ovo de fato deve ser reduzido, pois interfere diretamente nos níveis de LDL. Ou seja, em alguns indivíduos o consumo exagerado de ovo pode sim trazer malefício. Mas, na maioria das pessoas, o ovo (que também tem inúmeros nutrientes importantes para a saúde) pode sim ser consumido na dieta. Por isso, mais do que do que nunca, lembre-se da individualidade bioquímica de cada paciente, e procure um bom nutricionista!!!

Curcumina e função endotelial

O comprometimento na função endotelial pode contribuir para o desenvolvimento de várias doenças, incluindo aterosclerose, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, lesão por isquemia-reperfusão, doença de Alzheimer, entre outras condições. Dessa forma, manter a função endotelial adequada, é de extrema importância. Um dos alimentos que pode auxiliar na função endotelial é o açafrão da terra (Curcuma longa). E isso se dá devido ao seu principal constituinte: CURCUMINA. Nessa publicação de 2017 foi realizada uma revisão sobre esse assunto e os autores dispõe que os principais mecanismos de ação da curcumina na melhora da função endotelial são: diminuição da inflamação e do estresse oxidativo e diminuição de moléculas de adesão intracelular e vascular. Para saber qual a melhor forma de incluir o açafrão da terra na sua dieta, procure um nutricionista!

Jejum e calorias

A obesidade é um dos principais fatores envolvidos no desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis, e nos últimos anos a prevalência de obesidade só aumenta. Paralelamente a este aumento, o número de refeições diárias também tem aumentado. Observando este paralelo, e sabendo que ainda há pouca clareza sobre os benefícios do jejum intermitente, os autores dessa publicação de 2017 decidiram observar o efeito do protocolo de jejum intermitente semelhante ao Ramadan em homens magros e saudáveis. Esses indivíduos ficaram 14 horas por dia sem comida e nem bebida, durante 28 dias. A preocupação dos autores foi observar a relação deste protocolo de dieta com a composição corporal, o metabolismo da glicose e a função cognitiva dos participantes. Ao término do estudo, todos os participantes conseguiram adaptar protocolo em seu dia-a-dia sem maiores dificuldades, e os autores não observaram qualquer diferença nos parâmetros avaliados (índice de massa corporal, metabolismo da glicose e função cognitiva). Direcionando à conclusão de que a frequência das refeições pode não ser tão importante assim para contemplar a ingestão de energia diária! Mas lembre-se, antes de tornar essa informação um senso comum, consulte o seu nutricionista!

Serotonina e escolha alimentar

A serotonina, um neurotransmissor conhecido por melhorar o humor, também tem sido implicada na promoção do autocontrole, regulação da fome e da ingestão calórica. Contudo, não está claro se os efeitos da serotonina sobre a ingestão calórica refletem mecanismos puramente homeostáticos ou se a serotonina também modula os processos cognitivos envolvidos na tomada de decisões dietéticas. Nesse estudo pulicado em 2017 foi avaliado justamente isso! 27 participantes saudáveis receberam dose aguda de placebo ou dois medicamentos: um que aumenta serotonina, e outro que aumenta noradrenalina. Entre 1h30 – 3h após a administração das cápsulas, os participantes tiveram que realizar escolhas alimentares, sendo que estavam disponíveis alimentos mais saudáveis e alimentos menos saudáveis. Após análise estatística, foi demonstrado que os indivíduos que ingeriram o medicamento que aumenta a serotonina tiveram escolhas por alimentos mais saudáveis do que as pessoas que tomaram o placebo. Além disso, após a justificativa da escolha, as pessoas que ingeriram o medicamento que aumenta a serotonina deram ênfase nas considerações de saúde na hora da tomada de decisão. Por outro lado, quem tomou o medicamento que aumentou a noradrenalina, não teve alteração na escolha alimentar quando comparada com o placebo. Ou seja, a serotonina pode ajudar o indivíduo na escolha alimentar, diminuindo o risco de escolher alimentos menos saudáveis. Vale destacar que, embora o estudo tenha utilizado medicamento para aumentar a serotonina, através da alimentação e suplementação também conseguimos estimular a síntese desse neurotransmissor (com menor eficiência mas com menos efeito colateral)! Procure um nutricionista para orientá-lo sobre essas estratégias nutricionais!

Leite e Puberdade

O leite é (ou foi) um dos alimentos mais consumidos pelo ser humano, e mais que isso, por muitos anos tratado como uma peça chave de uma alimentação saudável. Porém, nos últimos anos, publicações científicas associaram o consumo deste alimento com várias alterações de saúde, inclusive o aumento da produção endógena de fatores de crescimento, como o IGF-1. Sabendo disso, os autores desse artigo de 2017 observaram a relação do consumo de leite e o desenvolvimento pubertário em 515 meninas. Eles avaliaram o consumo alimentar a partir de um recordatório de 24h realizado a cada 6 meses, o volume fibroglandular da mama e a data na menarca. Após analisar os resultados, os autores concluíram que o consumo de lácteos adoçados e saborizados artificialmente, consumidos em uma quantidade maior que 125 g/dia mostrou relação com o aumento do % do volume fibroglandular da mama. Em contrapartida, o consumo de menos de 125 g/dia de iogurte não foi associado com este aumento de volume, além de estar associado com um atraso da data da menarca. Ou seja, na ausência de qualquer alteração de saúde que impeça o consumo desses alimentos, o que vale a pena é consumi-los na sua forma mais in-natura possível, dentro de um contexto alimentar variado. Pois monotonia alimentar não é sinônimo de alimentação saudável. Mas lembre-se, antes de mais nada, consulte o seu nutricionista.

Câncer e açúcar

O consumo de carboidratos tem aumentado nas últimas décadas nos países ocidentais. De acordo com o tipo de carboidrato, quantidade, método de processamento e a presença de outros nutrientes, o alimento pode ser considerado de alto ou baixo índice glicêmico e alta ou baixa carga glicêmica. O índice glicêmico varia de acordo com a capacidade do alimento em aumentar os níveis de glicose no sangue. Já a classificação da carga glicêmica, avalia o aumento dos níveis de glicose no sangue levando em consideração o índice glicêmico e a quantidade de alimento consumido. O consumo de alimentou com alto índice glicêmico e/ou alta carga glicêmica tem sido associado com várias doenças, incluindo o câncer. Nessa meta-análise publicada em 2017, os autores mostraram que o consumo de alimentou com alto índice glicêmico ou alta carga glicêmica aumenta o risco de 3 tipos de câncer:

  • Alto índice glicêmico aumenta o risco de câncer de colorretal.
  • Alta carga glicêmica aumenta o risco de câncer de mama e câncer de endométrio.

Para melhor orientá-lo, procure um Nutricionista!

Gengibre e doenças crônicas

As especiarias são uma importante fonte de sabor para as preparações culinárias, e, além disso, fornecem fitoquímicos, que são substâncias associadas com efeitos benéficos à saúde! O gengibre (Zingiber officinale) é uma das especiarias mais utilizadas no mundo, e por conter uma grande quantidade de compostos bioativos, como o gingerol, exerce várias funções no organismo humano, inclusive participando da prevenção de doenças longo prazo. Foi fundamentado nessa afirmação que os autores dessa publicação, de abril de 2017 avaliaram a prevalência de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, dislipidemia, esteatose hepática, etc…) e o consumo diário de gengibre. Os autores observaram 4628 pessoas, e concluíram que a ingestão diária de gengibre (2-6 g/dia) foi associada com a redução de risco de hipertensão e doença coronariana, levando os pesquisadores a concluir que o gengibre poderia ser um fator preventivo para essas doenças. Vale destacar que já existem outros estudos mostrando que o gengibre pode ser interessante para ajudar no tratamento ou prevenção de outras doenças. Aqui no Nutrir com Ciência já falamos do efeito do gengibre em outras situações, como na redução de cólica menstrual, você lembra?! É importante ressaltar que o efeito do gengibre também depende da forma que você utilizará esse alimento. Antes de tornar essa informação um senso comum, e para saber qual a melhor forma de consumir, bem como a quantidade ideal para você, consulte o seu nutricionista!

Exercício e apetite

Quem já fez exercício de alta intensidade sabe que, muitas vezes, ocorre supressão do apetite após o treino. E isso sempre foi correlacionado com alteração em hormônios e peptídeos que regulam a fome e saciedade. Porém, esse artigo de 2017 sugere que a causa não seja bem essa. Nesse estudo, realizado com meninos de 10-18 anos (com peso normal e com sobrepeso/obesidade), foi feito um protocolo de exercício de alta intensidade, análise de biomarcadores de apetite, inflamação, estresse, controle glicêmico e aplicação de uma escala visual análoga de apetite. O estudo confirmou que, em adolescentes, ocorre o mesmo que em adultos: exercício de alta intensidade suprime o apetite, independente do peso do indivíduo. Além disso, foi demonstrado que o exercício de alta intensidade: aumentou marcadores inflamatórios como interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral α (TNF-α); cortisol; glicemia e insulina apenas em meninos com peso normal e diminuiu os níveis de grelina (hormônio que aumenta o apetite). Além disso, após correlacionar essas alterações com o apetite, o único marcador que teve uma correlação inversa significativamente estatística foi a IL-6. Você pratica exercício de alta intensidade ou deseja praticar? Embora o artigo possua algumas limitações, os autores concluem que é principalmente o aumento da citocina inflamatória IL-6 que influencia na supressão do apetite após exercício de alta intensidade, embora a diminuição da grelina e aumento de cortisol possam influenciar também nesse processo. Procure profissionais da saúde para orientá-lo tanto na prática do exercício (educador físico), quanto na suporte alimentar para esse tipo de exercício (nutricionista).