Gengibre e doenças crônicas

As especiarias são uma importante fonte de sabor para as preparações culinárias, e, além disso, fornecem fitoquímicos, que são substâncias associadas com efeitos benéficos à saúde! O gengibre (Zingiber officinale) é uma das especiarias mais utilizadas no mundo, e por conter uma grande quantidade de compostos bioativos, como o gingerol, exerce várias funções no organismo humano, inclusive participando da prevenção de doenças longo prazo. Foi fundamentado nessa afirmação que os autores dessa publicação, de abril de 2017 avaliaram a prevalência de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, dislipidemia, esteatose hepática, etc…) e o consumo diário de gengibre. Os autores observaram 4628 pessoas, e concluíram que a ingestão diária de gengibre (2-6 g/dia) foi associada com a redução de risco de hipertensão e doença coronariana, levando os pesquisadores a concluir que o gengibre poderia ser um fator preventivo para essas doenças. Vale destacar que já existem outros estudos mostrando que o gengibre pode ser interessante para ajudar no tratamento ou prevenção de outras doenças. Aqui no Nutrir com Ciência já falamos do efeito do gengibre em outras situações, como na redução de cólica menstrual, você lembra?! É importante ressaltar que o efeito do gengibre também depende da forma que você utilizará esse alimento. Antes de tornar essa informação um senso comum, e para saber qual a melhor forma de consumir, bem como a quantidade ideal para você, consulte o seu nutricionista!

Exercício e apetite

Quem já fez exercício de alta intensidade sabe que, muitas vezes, ocorre supressão do apetite após o treino. E isso sempre foi correlacionado com alteração em hormônios e peptídeos que regulam a fome e saciedade. Porém, esse artigo de 2017 sugere que a causa não seja bem essa. Nesse estudo, realizado com meninos de 10-18 anos (com peso normal e com sobrepeso/obesidade), foi feito um protocolo de exercício de alta intensidade, análise de biomarcadores de apetite, inflamação, estresse, controle glicêmico e aplicação de uma escala visual análoga de apetite. O estudo confirmou que, em adolescentes, ocorre o mesmo que em adultos: exercício de alta intensidade suprime o apetite, independente do peso do indivíduo. Além disso, foi demonstrado que o exercício de alta intensidade: aumentou marcadores inflamatórios como interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral α (TNF-α); cortisol; glicemia e insulina apenas em meninos com peso normal e diminuiu os níveis de grelina (hormônio que aumenta o apetite). Além disso, após correlacionar essas alterações com o apetite, o único marcador que teve uma correlação inversa significativamente estatística foi a IL-6. Você pratica exercício de alta intensidade ou deseja praticar? Embora o artigo possua algumas limitações, os autores concluem que é principalmente o aumento da citocina inflamatória IL-6 que influencia na supressão do apetite após exercício de alta intensidade, embora a diminuição da grelina e aumento de cortisol possam influenciar também nesse processo. Procure profissionais da saúde para orientá-lo tanto na prática do exercício (educador físico), quanto na suporte alimentar para esse tipo de exercício (nutricionista).

Fast food e gestação

A gestação é um momento muito importante para a mulher e para o bebê que está sendo gerado! Uma alimentação adequada durante a gestação é de extrema importância para a saúde dos dois. Mas você sabia que o que a mulher come ANTES de engravidar também pode influenciar na saúde da mãe e, por consequência, do bebê?

Esse estudo realizado no Irã e publicado em 2017 avaliou o consumo de fast food antes de engravidar com o risco de desenvolver diabetes mellitus gestacional (DMG)! Os autores avaliaram o consumo total de fast food e também o consumo de alguns alimentos ultraprocessados isolados: hambúrgueres, salsichas, mortadela (carne bovina), pizza e batatas fritas.

Os resultados demonstraram que as mulheres que comiam mais fast food antes de engravidar, tinham mais risco de desenvolver DMG, independente dos fatores de risco conhecidos para DMG, como IMC, inatividade física e estilo de vida. Avaliando os alimentos separadamente, o que foi associado com o risco de DMG foi o alto consumo de batata frita!

Ou seja, mais um motivo para diminuirmos o consumo de fast food. Principalmente se você for mulher e deseja engravidar no futuro! Procure um nutricionista para orientá-la melhor!

Especiarias na dieta

A utilização de condimentos naturais e especiarias – substâncias vegetais e aromáticas – tem sido muito utilizada para reduzir o consumo açúcar, sal e outros conservantes industrializados (como caldo de carne e temperos prontos em geral). E, como já é sabido, o uso abusivo do açúcar, sal e conservantes industrializados trazem inúmeros problemas para a saúde, como a hipertensão e o diabetes. Sendo assim, o uso de especiarias, além de realçar o sabor dos alimentos, podem trazer outras ações positivas e preventivas para o organismo, por isso são chamados de “Temperos Funcionais”.  Esses temperos passaram a ser utilizadas na culinária a partir do conhecimento de suas propriedades, como estimular o apetite e conferir aroma antes e durante a cocção. Embora estas já conferem razão suficiente para sua utilização, confira na tabela a seguir outras atribuições, além, é claro, das sensoriais.

Açafrão Benefício para pele e fígado, anti-inflamatório. Risotos e peixes
Alecrim Alivia as funções hepáticas, facilita a digestão de gorduras. Batata e frango
Alfavaca Propriedade antibacteriana e anti-inflamatória. Peixe
Canela Ação hipogliceminante, antioxidante, anti-inflamatória. Frutas
Coentro Ação bactericida e fungicida. Carne de porco e peixe
Cominho Estimulante da digestão e ajuda na desintoxicação do fígado. Carnes
Curry Antioxidante, termogênico, anti-inflamatória, estimula digestão. Frango, verduras e massas
Gengibre Acelera o metabolismo, antigripal. Frutas, peixes e sucos
Gergelim Fonte de ômega-3 e cálcio, ajuda no funcionamento intestinal. Saladas
Hortelã Diurética, ótima para superar gripes e má digestão. Chás, grelhados e frutas
Louro Estimulante dos sucos digestivos. Feijão
Manjericão Ajuda na digestão, alivia cólica, diminui a formação de gases. Saladas, massas e omeletes
Noz-moscada Digestiva, atenua náuseas, vômitos e cólica. Verduras, carnes e massas
Orégano Antioxidante, estimula produção de enzimas digestivas. Pratos com tomate (molho)
Páprica Alto nível de vitamina C, facilita a digestão. Pratos com tomate (molho)
Pimenta-caiena Antioxidante, acelera o metabolismo, auxilia circulação Pode ser adicionada a qualquer prato

Por: Bruna Deolindo Izidro

Brássicas e Depressão

O sulforafano é uma substância presente nas hortaliças da família das brássicas, como couve de Bruxelas, brócolis, couve-flor, couve, nabo, rabanete, etc. Essa substância proporciona vários benefícios à saúde. Recentemente, estudo em animais demonstrou que essa substância também pode influenciar na depressão. Nesse estudo de 2017, os autores realizaram um protocolo que induziu um comportamento tipo-depressivo nos animais, além de alterar proteínas e citocinas inflamatórias que também influenciam na depressão. Por outro lado, os animais que receberam sulforafano antes do protocolo de indução do comportamento tipo-depressivo, não desenvolveram esse comportamento. Além disso, os animais tratados com sulforafano não tiveram alterações nas proteínas e citocinas inflamatórias. Nesse mesmo estudo, um outro experimento foi realizado com alteração da dieta (ração) dos animais durante a adolescência. Um grupo de animais recebeu uma dieta com 0,1% de glicorafanin (precursor do sulforafano) obtida a partir da couve de Bruxelas e, um outro grupo recebeu a dieta padrão durante toda a adolescência. Na vida adulta, esses animais foram submetidos ao protocolo para indução de comporto tipo-depressivo. De forma muito interessante, observou-se que o consumo dietético de glicorafanin durante a adolescência impediu o comportamento tipo-depressivo na vida adulta. Vale destacar que o estudo foi realizado em animais. Se o sulforafano vai ter o mesmo efeito em humanos e a dose necessária para isso ainda não podemos afirmar. Mas uma coisa é certa: as brássicas, quando consumidas de forma adequada e na quantidade adequada, pode trazer vários benefícios à saúde. Mas é sempre importante procurar um nutricionista para orientá-lo melhor.

Romã no pré-treino

A busca por suplementação e uso de alimentos específicos para o aumento da performance durante o exercício física é constante! E quando pensamos em suplementos pré-treino, frequentemente associamos a necessidade do aumento de óxido nítrico, vasodilatação e aumento de fluxo sanguíneo durante a prática do exercício. Sabendo disso, os autores dessa publicação de abril de 2017 avaliaram a performance de 19 participantes quando submetidos a um protocolo de exercício de alta intensidade. Além disso, avaliaram fluxo sanguíneo, diâmetro do vaso sanguíneo, saturação de oxigênio, frequência cardíaca e pressão arterial. Os participantes foram divididos em um grupo que recebeu 1000 mg de extrato de romã (Punica granatum) 30 minutos antes do exercício, e um grupo que recebeu placebo. Ao final da observação, os autores concluíram que o extrato de romã foi capaz de aumentar o diâmetro do vaso sanguíneo e aumentar o fluxo de sangue. Ou seja, dose aguda do extrato da romã pode ajudar na entrega de oxigênio e de substratos ao músculo, o que poderia, em alguns casos, melhorar a performance durante o exercício. Para usufruir deste benefício sem prejuízos a saúde, procure por um nutricionista!

Peixes e Toxinas

O consumo de peixe é um hábito que nós nutricionistas sempre enfatizamos, pois sabemos que existe alguns benefícios à saúde obtidos através de seu consumo, como o aumento da ingestão de ômega-3, e por isso o peixe se tornou um importante constituinte da dieta. Porém o consumo de peixe também pode representar uma fonte de exposição a uma variedade de contaminantes tóxicos. Algumas publicações recentes mostram amostras de peixes contaminadas com hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e metais-traço (ex: arsênico, cromo, níquel) como consequência do desenvolvimento industrial e urbano. Sabendo disso, esses autores decidiram avaliar a concentração de arsênico e ômega 3 em 578 amostras de peixe, contemplando 15 espécies diferentes. Observaram concentrações de arsênico que não excedia o limite tolerável de ingestão para um adulto, mas pontuaram uma preocupação com o consumo crônico. Além disso, enfatizaram o consumo dessas concentrações por crianças, tendo em vista a área corporal média das crianças. Os resultados desta publicação ainda mostraram que o atum, dentre as amostras avaliadas, foi o peixe que apresentou maior concentração de ômega 3. Entretanto, por ele ser um peixe grande, também tem mais risco de contaminação. Embora o estudo não tenha avaliado a sardinha, como ela é muito comum no Brasil e tem um preço acessível, é interessante destacar que seu conteúdo de ômega-3 é bem interessante e, por ser um peixe de menor tamanho, o risco dela estar contaminada também é menor. Lembre-se, antes de tornar essas e outras informações um senso comum, consulte o seu nutricionista!

Suco de limão e aflatoxina

As oleaginosas (nozes, castanhas, pistache, amêndoa, avelã) são alimentos fontes de alguns nutrientes importantes para a saúde. Entretanto, durante a produção, processamento ou transporte desses alimentos pode ocorrer a formação de aflatoxinas. A alfatoxina é produzida por fungos do gênero Aspergillus e é a micotoxina mais perigosa para a saúde humana. Dentre as aflatoxinas, a B1 é a mais prejudicial para o homem. Dessa forma, é importante reduzirmos a quantidade dessa aflatoxina nesses alimentos.

Nesse estudo publicado em 2017 foi avaliada a quantidade de aflatoxina B1 contida no pistache e a efetividade de técnicas dietéticas na diminuição dessa micotoxina. Os autores pegaram 50 g de pistache e aquecerem à 120ºC por 1 hora com 30 mL de água (controle), 15 ou 30 mL de suco de limão e/ou 2,25 ou 6 g de ácido cítrico. O protocolo de técnica dietética que mais diminuiu a quantidade de aflatoxina B1 foi o que associou 30 mL de água + 30 mL de suco de limão + 6 g de ácido cítrico (redução de 93,1%). Entretanto, esse protocolo alterou as propriedades físicas do pistache. Das técnicas que não alteraram as propriedades físicas, a mais eficaz em diminuir a quantidade de aflatoxinas B1 foi a que associou 30 mL de água + 15 mL de suco de limão + 2,25 g de ácido cítrico (redução de 49,2%). Fazer o procedimento apenas com água + suco de limão também reduz a quantidade de aflatoxina, porém, de maneira menos eficaz. Vale destacar que é muito importante que ocorra o aquecimento à 120ºC por 1 hora. Se a temperatura ou o tempo forem modificados, a efetividade do protocolo é diminuída.

Na dúvida, sempre procure um nutricionista para orientá-lo da melhor maneira.

 

Dieta e Depressão

A depressão é considerada um dos transtornos mentais mais comuns, e está associada com declínio físico e mental. A prevalência da depressão tem aumento, assim como o aumento de hábitos alimentares não saudáveis. Sabendo disso, esses pesquisadores da China decidiram observar os hábitos alimentares de 376 pessoas, durante 2 anos, e associá-los com a incidência de depressão nesse grupo. Resultado, após o término da pesquisa, quase 30% dos participantes apresentaram sintomas de depressão, e nesse grupo existiam algumas características de consumo alimentar, como: beliscar depois do jantar e/ou realizar o jantar muito próximo ao horário de dormir. Os autores ainda observaram que a associação dos comportamentos citados com a não realização do desjejum também está relacionado com sintomas de depressão. Esses resultados enfatizam o papel da nutrição também no controle desta alteração! Mas lembre-se, antes de tornar essas informações um senso comum, consulte o seu nutricionista!

Café em preparações

O café é uma das bebidas mais utilizadas no Brasil e no mundo, e compõe o hábito alimentar diário das pessoas. Sabendo disso, esse grupo de pesquisa de Madrid, na Espanha, decidiu investigar as propriedades funcionais do que sobra depois do café passado (o que chamamos de “borra”). Além disso, incluíram essa “borra” em uma receita de biscoito, e avaliaram a aceitação da preparação! Resultado, eles observaram que a “borra” do café é fonte de antioxidantes, fibras insolúveis e aminoácidos essenciais, e concluíram que a adição desse ingrediente (precioso) na preparação dos biscoitos aumentou sua qualidade nutricional e qualidade sensorial. Além disso os autores ainda caracterizaram esse biscoito “turbinado” como um auxiliar na redução do risco de doenças crônicas, como obesidade e diabetes! Mas cuidado, antes de sair preparando biscoito com borra de café, é sempre bom lembrar: Consulte o seu nutricionista!!!