Consumo de brócolis foi associado à menor risco de câncer

Luana Manosso (1)

O brócolis, além de vitaminas, minerais e fibras, possui também sulforafano, que tem demonstrado vários benefício à saúde, incluindo ação quimiopreventiva.

Uma recente meta-análise, com dados de 23 estudos caso-controle e 12 estudos de coorte, demostrou uma associação entre o consumo de brócolis e menor risco de câncer.

Vale destacar que associação não é a mesma coisa que causalidade. Ou seja, o artigo não está dizendo que comer o brócolis irá fazer você não ter câncer.

Câncer é uma doença complexa e multifatorial.

Mas sim, adicionar brócolis e outros vegetais da família das brássicas pode ser uma das estratégias interessantes quando pensando em prevenção de câncer.

Referência: Baladia, E.; et al. Nutrients.,16(11):1583, 2024. Doi: 10.3390/ nu16111583.

Brócolis e estresse oxidativo

O estresse oxidativo é gerado por um desequilíbrio entre a formação e degradação de radicais livres (incluindo espécies reativas de oxigênio e espécies reativas de nitrogênio). Esse estresse oxidativo pode estar presente em várias doenças. Assim, pensar em estratégias para combater esse estresse oxidativo é muito importante. Nesse sentido, um padrão alimentar saudável e um aporte adequado de micronutrientes desempenha um papel essencial. Além disso, alguns alimentos podem ser estimulados, e um deles é o brócolis. O brócolis contém grandes quantidades de uma substância chamada de glucorafanin, que pela ação da enzima mirosinase ou pela ação da microbiota intestinal pode se transformar em sulforafano. O sulforafano, no nosso corpo, tem a capacidade de aumentar um fator de transcrição chamado de Nrf2. O Nrf2, por sua vez, vai aumentar enzimas de fase II (de destoxificação) e enzimas antioxidantes (que vão combater o estresse oxidativo). Por isso, o consumo de brócolis pode ser interessante para várias doenças que tem aumento de estresse oxidativo. Nessa revisão de 2021 os autores focam mais no possível benefício que traria para doenças renais. Mas como já mencionado, inúmeras doenças podem estar associadas com o aumento de estresse oxidativo. E nunca esqueça que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista!

Brócolis e microbiota

Vegetais crucíferos, também chamados de brássicas, como o brócolis, são uma boa fonte de fibra dietética, fitoquímicos e nutrientes, incluindo os glucosinolatos, que podem ser metabolizados pela microbiota gastrointestinal. Este estudo de 2019 teve como objetivo determinar o impacto do consumo de brócolis na microbiota gastrointestinal de adultos saudáveis. O período de tratamento foi de 18 dias separados por um washout de 24 dias. Os participantes receberam 200 g de brócolis cozido ou 20 g de rabanete cru por dia. Após análises, o consumo de brócolis diminuiu a abundância relativa de Firmicutes em 9% em relação ao controle e aumentou a abundância relativa de Bacteroidetes em 10% e de Bacteroides em 8% em relação ao controle.  E nunca esqueça que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista!

Brássicas e Depressão

O sulforafano é uma substância presente nas hortaliças da família das brássicas, como couve de Bruxelas, brócolis, couve-flor, couve, nabo, rabanete, etc. Essa substância proporciona vários benefícios à saúde. Recentemente, estudo em animais demonstrou que essa substância também pode influenciar na depressão. Nesse estudo de 2017, os autores realizaram um protocolo que induziu um comportamento tipo-depressivo nos animais, além de alterar proteínas e citocinas inflamatórias que também influenciam na depressão. Por outro lado, os animais que receberam sulforafano antes do protocolo de indução do comportamento tipo-depressivo, não desenvolveram esse comportamento. Além disso, os animais tratados com sulforafano não tiveram alterações nas proteínas e citocinas inflamatórias. Nesse mesmo estudo, um outro experimento foi realizado com alteração da dieta (ração) dos animais durante a adolescência. Um grupo de animais recebeu uma dieta com 0,1% de glicorafanin (precursor do sulforafano) obtida a partir da couve de Bruxelas e, um outro grupo recebeu a dieta padrão durante toda a adolescência. Na vida adulta, esses animais foram submetidos ao protocolo para indução de comporto tipo-depressivo. De forma muito interessante, observou-se que o consumo dietético de glicorafanin durante a adolescência impediu o comportamento tipo-depressivo na vida adulta. Vale destacar que o estudo foi realizado em animais. Se o sulforafano vai ter o mesmo efeito em humanos e a dose necessária para isso ainda não podemos afirmar. Mas uma coisa é certa: as brássicas, quando consumidas de forma adequada e na quantidade adequada, pode trazer vários benefícios à saúde. Mas é sempre importante procurar um nutricionista para orientá-lo melhor.

Brócolis, cocção e armazenamento

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Uma das grandes preocupações da atualidade é reduzir o risco das doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer. E hoje já se sabe que com uma alimentação correta isso é possível. Isso porque nos alimentos encontramos substâncias que protegem o nosso DNA, como o sulforafano, encontrado no brócolis (Brassica oleracea var. italica) e em outros alimentos da família das brássicas (ex: couve, couve-flor, couve de bruxelas, nabo, rabanete, etc). Esse efeito protetor do sulforafano ocorre, pelo menos em parte, pela sua capacidade em modular a expressão de genes envolvidos com a defesa celular, como Nrf2. Porém, a maneira como consumimos e armazenamos este alimento, define o quanto aproveitaremos deste benefício. Como demonstrado em uma revisão agora de 2016, o consumo de brócolis cru não representa a maneira mais eficiente de obter as vantagens proporcionadas pelo sulforafano, porém 3 minutos de cozimento se mostrou suficiente para garantir estes benefícios. Além disso, 5 minutos de cozimento em microondas foi suficiente para a perda de 74% da biodisponibilidade deste composto. O armazenamento também pode influenciar na biodisponibilidade do sulforafano. 3 dias em temperatura ambiente, ao ar livre, é o suficiente para resultar em 55% de perda. Por outro lado, o armazenamento em sacos de plástico a 22C demora 7 dias para que uma perda similar ocorra. Ou seja, para melhor aproveitar os nutrientes desse vegetal, se precisar armazená-lo, coloque-o em sacos plásticos e consuma-o o quanto antes. E, quando for consumir, opte pelo cozimento no vapor por 3 minutos.