Índice glicêmico e cognição

O assunto alimentação e cognição é um assunto recorrente por aqui. Já mostrei vários artigos que associam a alimentação com melhora ou piora da cognição. Nesse estudo agora de 2020 os autores investigaram o impacto de refeição com alto índice glicêmico em idosos portadores do alelo APOE4. Em torno de 15% da população possui o alelo APOE4 e isso aumenta em cerca de 3 vezes o risco de ter doença de Alzheimer. Por esse motivo, os autores investigaram o impacto de refeição com alto índice glicêmico em idosos com esse alelo. E o que foi observado foi que fazer refeições com alto índice glicêmico piora questões cognitivas, em especial a memória visual, memória episódica e cognição global nesses idosos. Ou seja, ajustar a alimentação para diminuir o índice glicêmico pode ser um dos pontos quando pensamos em prevenir o declínio cognitivo em pessoas com alto risco de desenvolver o Alzheimer. E lembre-se, o profissional mais adequado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista.

DHA e cérebro do bebê

O ácido docosahexaenoico (DHA) é um ácido graxo poli-insaturado da família do ômega-3. Sua ingestão é de extrema importância durante a gestação. Um dos pontos que ele é importante é para o desenvolvimento estrutural e funcional do cérebro do bebê. E foi justamente sobre isso que essa revisão agora desse ano abordou. O DHA é importante para a neurogênese (formação de neurônios), plasticidade sináptica (“comunicação entre os neurônios”), para a transdução de sinal no cérebro, para a maturação dos astrócitos (uma célula da glia importante para a nutrição do cérebro e para o funcionamento geral do cérebro), para o metabolismo e captação adequada de glicose, para diminuir a inflamação, entre outras funções. Além disso, o DHA também é importante para o desenvolvimento adequado da placenta. Baixos níveis de DHA durante a gestação podem aumentar o risco de dificuldade na aprendizagem e problemas de cognição no bebê. Por isso, ajustar os níveis de DHA (alimentação + suplementação) é muito importante durante a gestação. Procure um Nutricionista para orientá-lo melhor.

Ferro, humor e cognição

Tanto o excesso quanto a deficiência do ferro podem ocasionar problemas para a saúde, incluindo problemas para o cérebro. Porém, a deficiência de ferro acaba sendo comum em alguns idosos. De forma interessante, nesse estudo publicado esse ano, foi avaliado o impacto de um baixo status de ferro em sintomas depressivos e piora de cognição em idosos. E adivinhem? Após análises estatística, foi demonstrado que os idosos que tinham um baixo status de ferro, tinham mais sintomas depressivos e pior memória. Por isso, ajustar a ingestão de ferro via alimentar é bem importante. É válido mencionar que o excesso de ferro também pode causar problemas para o cérebro. Por isso, é sempre importante avaliar cada caso individualmente. Só alimentação é suficiente? Precisa suplementar? Quanto suplementar? Por quanto tempo suplementar? Isso tudo tem que ser avaliado de forma individualizada. Por isso, procure um Nutricionista para orientá-lo melhor.

Microbiota e anorexia

A anorexia nervosa é uma combinação de baixo peso corporal, distorção de imagem corporal e medo de ganhar peso. Esse problema gera consequências somáticas e endócrinas graves, incluindo amenorreia (falta de menstruação), baixa leptina, baixo hormônio tireoidiano, aumento de cortisol, etc. Embora várias questões podem estar associadas à anorexia nervosa, estudos recentes têm investigado o papel da microbiota intestinal. E é justamente sobre isso que essa revisão de 2020 aborda. A microbiota intestinal influencia em efeitos somáticos, como extração de energia dos alimentos e ganho de peso corporal, bem como no apetite, permeabilidade intestinal, inflamação e comportamentos psicológicos como depressão e ansiedade, todos os quais desempenham papéis importantes na anorexia nervosa. Por outro lado, a restrição nutricional e a alimentação seletiva dos pacientes com anorexia nervosa também acaba por influenciar na microbiota intestinal, já que a nutrição tem um papel importantíssimo na modulação do intestino e da microbiota. Ou seja, acaba virando um “ciclo vicioso”. Por esse motivo, algumas pesquisas estão investigando o papel de suplementos nutricionais que poderiam modular a microbiota, como o ômega-3, como uma estratégia para auxiliar no tratamento da anorexia nervosa. Porém, mais estudos ainda são necessários. Por isso, procure por um bom nutricionista para avaliar seu caso.

GLP-1 e estresse

O GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon 1) é um peptídeo produzido pelas células L-enteroendócrinas, presentes no intestino. Mas também pode ser produzido no pâncreas e no cérebro. Seus principais estudos estão relacionados com controle de glicemia / diabetes, controle de fome/saciedade e obesidade. Mas seus efeitos no cérebro vão além disso. Nessa revisão de 2020 os autores abordam os efeitos do GLP-1 na modulação do estresse. A principal produção de GLP-1 no cérebro ocorre no núcleo do trato solitário (localizado no bulbo). O GLP-1 produzido dentro do cérebro vai agir, em especial, no hipotálamo, em regiões do sistema límbico e em neurônios do sistema nervoso autônomo.  Além disso, o GLP-1 produzido pelas células endócrinas do intestino também consegue exercer ações cerebrais, através de comunicação via nervo vago. Nas regiões cerebrais, o GLP-1 pode agir por diversos mecanismos de ações e vias de sinalização, contribuindo para modular a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (eixo ativado durante o estresse) e modular a ativação do sistema nervoso simpático (também associado ao estresse). Além disso, a ação do GLP-1 no controle da fome/saciedade e a ação no sistema límbico (de recompensa) vão auxiliar no controle do comportamento alimentar e, por sua vez, isso também pode influenciar em vias do estresse. Ou seja, o GLP-1 parece agir como um neuromodulador. Por isso, pensar em estratégias para aumentar GLP-1 pode ser interessante. E adivinhem? A nutrição pode ajudar nisso. Procure um Nutricionista para orientá-lo melhor!

Café e cérebro

O consumo de café tem sido estudado para várias doenças neuropsiquiátricas. Em algumas delas o café parece diminuir o risco de desenvolver a doença. Em outras o café parece aumentar o risco. Nos últimos anos, alguns estudos também estão demostrando efeitos diferentes de acordo com o sexo. E foi sobre isso que essa revisão agora de 2020 abordou. Após analisar vários artigos, os autores separam os efeitos de acordo com o problema neuropsiquiátrico:

            – Acidente vascular cerebral (AVC): ingestão de cafeína é protetora. Maior efeito em mulheres do que em homens.

          – Distúrbios do sono: cafeína aumenta o risco de piora no sono. Efeito parecido entre homens e mulheres.

             – Demência: ingestão de cafeína tem efeito protetor. Maior efeito em mulheres.

            – Doença de Parkinson: ingestão de cafeína tem efeito protetor. Maior efeito em homens.

        – Depressão: na vida adulta, cafeína diminui risco de depressão em mulheres. Na adolescência, cafeína aumenta o risco de depressão, principalmente em homens.

Entretanto, ainda são necessários mais estudos. Além disso, vale destacar que existem polimorfismos envolvidos na metabolização da cafeína e que isso pode influenciar no efeito.  Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Citicolina e cérebro

A citicolina é um composto químico endógeno, cuja degradação origina a citidina e a colina. Estudos sugerem propriedades neuroprotetoras dessa substância. A citicolina parece aumentar sirtuínas, modular neurotransmissores e diminuir inflamação e estresse oxidativo. Mas o que temos de estudos avaliando sua funcionalidade? Para qual situação neurológica ela serviria? Essa revisão sistemática abordou justamente isso. Após avaliar 44 estudos, os autores colocam que a citicolina parece ser interessante pensando em prevenção da progressão de demências, além de melhorar funções cognitivas em pacientes saudáveis. Além disso, a citicolina também tem sido estudada para melhorar o prognóstico após acidente vascular cerebral (AVC). Entretanto, ainda são necessários mais estudos em humanos. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Magnésio e dor de cabeça

Se você me acompanha por aqui já deve saber que várias estratégias nutricionais podem ajudar nas dores de cabeça e enxaqueca. Uma das estratégias de que mais gosto é o magnésio. Nessa revisão, os autores investigam o papel do magnésio nas dores de cabeça/enxaqueca, bem como sua efetividade. Pensando em mecanismo de ação, o magnésio consegue agir em vários mecanismos fisiopatológicos envolvidos no aparecimento da enxaqueca, incluindo: age diminuindo o receptor NMDA (diminuindo glutamato), diminui os níveis de CGRP (peptídeo associado com enxaqueca), influencia na produção de óxido nítrico e impede a vasoconstrição induzida pela serotonina. Pensando em efetividade, temos vários estudos mostrando que doses variadas de suplementação podem ajudar no alívio da dor. É bom lembrar que vários alimentos possuem magnésio e, assim, as doses de suplementação podem variar de acordo com a alimentação da pessoa. Procure um Nutricionista para orientá-lo melhor!

Leite e Parkinson

A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente. Alguns estudos têm avaliado a associação da alimentação com o risco ou prevenção do Parkinson.  Nesse estudo, foi avaliado dados de mais de 81 mil adultos “acompanhados” por quase 15 anos, e foi investigado o papel do leite no risco de desenvolver a doença de Parkinson. Após análises, foi observado que as pessoas que consumiam mais leite (> 40 mL/dia) tiveram mais risco de desenvolver essa doença neurodegenerativa. Porém, essa associação foi fraca e não foi observado uma dose-resposta (ou seja, acima de 40 mL não se observa diferença entre doses de consumo). Além disso, os autores demonstraram que o leite fermentado não foi associado com aumento no risco. Ou seja, nem todo leite é igual. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista! Ele vai avaliar o seu caso e saber se existe a necessidade de retirar ou não o leite da sua dieta.

 

Flavonoides e emagrecimento

Nem só de “contar calorias” vive o emagrecimento. A qualidade da dieta também tem um impacto muito importante quando pensamos em diminuir a obesidade. Nessa revisão de 2020 os autores destacam o papel dos flavonoides (encontrados em frutas, verduras, especiarias, chocolate amargo, etc) no tratamento da obesidade. De modo muito interessante, temos vários motivos pelos quais esses flavonoides ajudam na obesidade. Os motivos de maior destaque são: age no intestino (reduz inflamação, melhora microbiota, melhora permeabilidade intestinal); age no cérebro (diminuindo inflamação e controlando o comportamento alimentar); age no fígado (melhorando a sinalização da insulina, reduzindo inflamação e estresse oxidativo); e age no tecido adiposo (controlando a inflamação e podendo influenciar no estoque de lipídio e metabolismo dessas células). Não sabe como ter uma dieta rica em flavonoides? Procure um bom Nutricionista.