Alimentação em crianças e adolescentes

Uma alimentação adequada em crianças e adolescentes é de extrema importância para o crescimento e desenvolvimento e para a prevenção de doenças. Um problema que está cada vez mais comum é uma inflamação de baixo grau, que pode aumentar o risco dessas crianças e adolescentes desenvolverem várias doenças, incluindo doenças neuropsiquiátricas. Nessa revisão sistemática publicada agora em 2021, os autores avaliaram 53 estudos relacionando o papel da alimentação com marcadores inflamatórios em crianças e adolescentes. Após analisar esses artigos, os autores colocam que uma alimentação saudável, como a dieta do mediterrâneo, ou um outro tipo de alimentação mas que seja baseada em frutas, verduras e adequada em nutrientes como fibra, vitamina C e E são associadas a uma diminuição de marcadores inflamatórios, como PCR, IL-6 e TNF-α. Por outro lado, uma dieta estilo ocidental, rica em açúcares, gordura saturada e alimentos ultraprocessados está associada a um aumento de marcadores inflamatórios. E nunca esqueça que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista!

Alimentação e depressão

Se você me acompanha a mais tempo, já sabe que vários aspectos nutricionais podem estar associados à depressão. Já mostrei vários estudos falando sobre o impacto de alimentos e nutrientes na depressão. Mas hoje o post é mais especial! Primeiro porque foi realizado aqui no Brasil! Segundo porque foi escrito por mim (Luana Manosso) e por mais dois nutricionistas e epidemiologistas (Fernanda Meller e Antonio Schäfer)!! Foi um estudo de base populacional, realizado em Criciúma-SC, no qual foi avaliado a associação entre alimentação e depressão. Após análises estatísticas, foi observado que as pessoas que tinham um padrão alimentar pior tinham 39% mais chance de ter episódios depressivos. Alisando os alimentos separadamente, foi observado que o alto consumo de refrigerantes e sucos artificiais (5 vezes ou mais por semana) também foi associado à depressão. Por fim, o consumo de alimentos não saudáveis também foi correlacionado com depressão. E nunca esqueça que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista!

OBS: Se você quiser ler o artigo na integral, ele estará de livre acesso até início de março no seguinte link: https://authors.elsevier.com/c/1cR9CbXYig-Qe

Intestino e Parkinson

A relação entre intestino e doença de Parkinson é muito estudada. Disbiose, constipação e aumento de permeabilidade intestinal são coisas comuns de acontecer em pessoas com Parkinson. Por outro lado, o receptor GPR109A que, dentre outros locais, está presente no intestino, ajuda a aumentar as tight junctions, impedindo o aumento de permeabilidade intestinal. Mas você sabe o que o butirato e a vitamina B3 tem a ver com isso? Os autores desse artigo de 2021 colocam que tanto o butirato quanto a vitamina B3 podem auxiliar na ativação do receptor GPR109A, melhorando a permeabilidade do intestino. A B3 também ajuda na diminuição da inflamação e melhora a função da mitocôndria. Além disso, os autores destacam que, se o paciente com Parkinson utilizar a medicação carbidopa, existe risco de deficiência de vitamina B3. Assim, avaliar o funcionamento intestinal, aumentar o consumo de fibras prebióticas (para aumentar a produção de butirato) e avaliar se a suplementação de vitamina B3 é necessária, são algumas das estratégias que podem ser pensadas na doença de Parkinson. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Nutrição e inflamassoma

Inflamassomas são complexos de proteínas intracelulares que se formam em resposta a uma variedade de sinais de estresse. Eles servem para catalisar a conversão proteolítica de pró-interleucina-1β e pró-interleucina-18 em interleucina-1β ativa e interleucina-18, mediadores centrais do processo inflamatório. Inflamassomas também podem promover um tipo de morte celular conhecido como piroptose. Uma ativação exagerada desses infamassomas podem estar presentes em várias doenças, incluindo aterosclerose, diabetes, doenças autoimunes, doenças neurológicas, COVID-19, entre outras. Por isso, diminuir a ativação desse inflamassoma pode ser interessante. Nessa revisão agora de 2021 os autores abordam algumas estratégias nutricionais que pode auxiliar na diminuição da ativação dos inflamassomas. Dentre essas estratégias, os autores destacam o papel do ômega-3, N-acetil-cisteína (NAC), taurina, berberina, zinco, lipoico e melatonina (OBS: melatonina é um hormônio e não pode ser prescrito por nutricionista). Mas isso não significa que todas as pessoas precisam usar tudo isso e que não existam outras estratégias que também funcionam. Por isso lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

 

Dieta cetogênica e demência

Demência é uma das condições de saúde mais incapacitantes do mundo. Por isso, pensar em prevenção da demência e diminuição da sua progressão (caso já esteja instalada) é muito importante. E a nutrição tem um papel importantíssimo nisso. Se você me acompanha a mais tempo, sabe que eu já mostrei vários estudos falando sobre o padrão alimentar e vários alimentos específicos que estão sendo estudados para melhorar a cognição. Hoje, trouxe esse estudo de 2021 com uma abordagem diferente. A dieta cetogênica (rica em gordura e com muito pouco carboidrato) tem sido estudada a bastante tempo em condições neurológicas, com resultados mais robustos na epilepsia. Porém, estudos recentes passaram a avaliar seus efeitos na demência. Mas será que temos estudos em humanos com demência que respaldam essa conduta? Após revisar a literatura, os autores mostram vários dados de estudos pré-clínicos (em animais), que mostram benefício da dieta cetogênica, em especial por diminuir a inflamação no cérebro. Além disso, temos estudos em humanos que sugerem um possível efeito benéfico da dieta cetogênica na melhora da cognição. Porém, os estudos em humanos são estudos pequenos, sendo necessários estudos maiores para poder confirmar esse possível benefício. E lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Ultraprocessados e doença celíaca

A doença celíaca é uma doença multifatorial, causada por uma reação imunológica que é desencadeada pela ingestão de glúten e proteínas relacionadas. O único tratamento para a doença celíaca é a exclusão do glúten da dieta. Porém, não adianta excluir o glúten e só comer alimentos ultraprocessados sem glúten. O fato de um alimento não ter glúten não significa que, obrigatoriamente, ele seja saudável. Nesse estudo publicado em 2021 os autores avaliaram o consumo de ultraprocessados em crianças com doença celíaca e correlacionaram isso com marcadores de estresse oxidativo e inflamação. Após análises, foi observado que as crianças que consumiam mais alimentos ultraprocessados tinham aumento de marcadores associados à inflamação e ao estresse oxidativo. Ou seja, não basta retirar o glúten, é preciso ter boas escolhas alimentares. E nunca esqueça que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista!

Dieta e intestino

As doenças inflamatórias intestinais (DII) como colite ulcerativa e doença de Crohn são caracterizadas por inflamação crônica recorrente e remitente do trato gastrointestinal. Uma das questões que age direto no intestino é a alimentação. Alguns alimentos podem impactar de forma benéfica, enquanto outros podem ser prejudiciais. Nessa revisão agora de 2021 os autores abordam justamente sobre isso. Os autores colocam 3 principais mecanismos de ação pela qual a alimentação pode impactar nas DII: modulam a microbiota, influenciam na permeabilidade e funcionamento intestinal e modulam o sistema imune. Dos alimentos ou estratégias que trazem benefícios, os autores dão destaque para: aumento de fibras, alimentos com ômega-3, alimentos com vitamina D, alimentos com zinco. Além disso, uma dieta com baixo FODMAP parece ajudar no alívio de sintomas. Por outro lado, os autores também citam alguns alimentos que parecem piorar DII como: açúcares e refrigerantes, alta ingestão de ômega-6 e gordura saturada, emulsificantes (aditivos alimentares que melhoram textura dos alimentos industrializados), glúten e excesso de carnes vermelhas. Porém, vale lembrar que mais estudos são necessários e que individualidade é muito importante. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Magnésio e hipertensão

O magnésio é um mineral que é cofator para mais de 300 enzimas do nosso corpo. Por isso, não é de se estranhar que ele está envolvido em várias funções do organismo. O primeiro relato de associação de magnésio para o tratamento de hipertensão arterial (pressão alta) foi em 1925. Porém, alguns estudos subsequentes falharam em demonstrar essa associação. Hoje, temos vários estudos bem conduzidos e várias meta-análises avaliando o papel do magnésio na prevenção e tratamento da pressão arterial. Essa revisão de 2021 revisa justamente esses artigos, bem como os possíveis mecanismos de ação. Analisando os estudos em humanos observa-se que pessoas com baixa ingestão de magnésio ou baixa quantidade de magnésio sérico têm maior risco de desenvolver hipertensão arterial. Além disso, temos algumas meta-análises que já demonstram que a suplementação com magnésio pode ajudar a diminuir a pressão arterial. Pensando em mecanismos de ação, os mais importantes, de acordo com os autores são: magnésio auxilia na regulação do tônus e contração vascular, diminui resistência à insulina (que é comum em pacientes com hipertensão) e diminui inflamação e estresse oxidativo. Vale destacar que o papel do magnésio no controle do tônus e contração vascular pode ser devido a vários motivos, incluindo: antagonismo ao cálcio, melhora de função endotelial, modulação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, possível diminuição da secreção de catecolaminas e diminuição da calcificação vascular. Ou seja, ajustar a ingestão dietética de magnésio é muito importante. Em alguns casos, a suplementação também será necessária. Mas isso, apenas um profissional poderá avaliar melhor o seu caso. Procure um nutricionista! Ele é o profissional que mais entende sobre nutrientes.

Whey protein e diabetes

A presença de diabetes tipo 2 em pacientes idosos com obesidade acelera a perda de massa muscular com o envelhecimento. Além de trazer outros riscos para a saúde. A perda de peso nesses pacientes é muito importante. Porém, se não for bem orientada, essa perda de peso pode gerar muita perda muscular também. Nesse estudo publicado agora em 2021, os autores avaliaram 123 pacientes acima de 55 anos, obesos e com diabetes tipo 2 e investigaram o efeito de dois protocolos realizado por 13 semanas:

– Grupo 1: dieta hipocalórica + treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) + suplementação com whey protein (21 g de proteína, contendo 3 g de leucina + 9 g de carboidrato + 3 g de gordura + 800 UI de vitamina D).

– Grupo 2: dieta hipocalórica + HIIT + bebida controle isocalórica (com 25 g de carboidrato e 6 g de gordura).

Ou seja, os dois grupos treinaram (3 vezes na semana, por 1 hora) e fizeram dieta hipocalórica. A diferença foi que um grupo recebeu a bebida rica em proteína e o outro recebeu uma bebida controle (rica em carboidrato). A bebida foi ofertada todos os dias antes do café da manhã e nos 3 dias de treino, recebiam uma segunda dose após o treino. Ou seja, foram 10 doses por semana. Por 13 semanas. Após esse período, observou-se que os dois grupos tiveram perda de peso e diminuiu glicemia em jejum e HbA1c (já que ambos recebiam orientações de dieta hipocalórica e exercícios). Por outro lado, mudanças de hábitos associado à bebida com proteína exerceu efeitos benéficos na massa muscular (aumentou massa magra total) e ajudou mais no controle glicêmico, já que nesse grupo também houve diminuição de insulina em jejum e diminuição do HOMA-IR. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Dieta do mediterrâneo e microbiota

Vários estudos demonstram que microbiota intestinal está correlacionada com um status de saúde. Além disso, já é bem estabelecido que hábitos alimentares conseguem impactar, de forma direta, nessa microbiota intestinal. Nessa publicação agora de 2021, os autores revisaram sobre o impacto da dieta do mediterrâneo na microbiota intestinal. A dieta do mediterrâneo é caracterizada por uma alta ingestão de frutas e verduras, azeite de oliva, grão integrais, sementes, oleaginosas e especiarias. Por outro lado, esse estilo de dieta tem uma baixa ingestão de carne vermelha, grão refinados, açúcares e alimentos industrializados. Por conta desse perfil de alimentos, essa dieta proporciona uma alta ingestão de polifenóis, fibras, ácidos graxos monoinsaturados e ômega-3. Dentre vários benefícios que isso pode trazer para a saúde, esse artigo desse ano coloca que esse padrão alimentar ajuda a aumentar a diversidade do microbioma intestinal, melhorando a homeostase do intestino, diminuindo disbiose intestinal e diminuindo a hiperpermeabilidade intestinal. Tudo isso contribuiu para gerar menos inflamação e estresse oxidativo no organismo, melhorar funções metabólicas, contribuindo assim para um menor risco de doenças crônicas não transmissíveis. Vale lembrar que o Brasil não é um país que fica na região do mediterrâneo, então, algumas adaptações podem ser feitas. Por isso, procure um nutricionista para orientá-lo melhor.