Jejum e calorias

A obesidade é um dos principais fatores envolvidos no desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis, e nos últimos anos a prevalência de obesidade só aumenta. Paralelamente a este aumento, o número de refeições diárias também tem aumentado. Observando este paralelo, e sabendo que ainda há pouca clareza sobre os benefícios do jejum intermitente, os autores dessa publicação de 2017 decidiram observar o efeito do protocolo de jejum intermitente semelhante ao Ramadan em homens magros e saudáveis. Esses indivíduos ficaram 14 horas por dia sem comida e nem bebida, durante 28 dias. A preocupação dos autores foi observar a relação deste protocolo de dieta com a composição corporal, o metabolismo da glicose e a função cognitiva dos participantes. Ao término do estudo, todos os participantes conseguiram adaptar protocolo em seu dia-a-dia sem maiores dificuldades, e os autores não observaram qualquer diferença nos parâmetros avaliados (índice de massa corporal, metabolismo da glicose e função cognitiva). Direcionando à conclusão de que a frequência das refeições pode não ser tão importante assim para contemplar a ingestão de energia diária! Mas lembre-se, antes de tornar essa informação um senso comum, consulte o seu nutricionista!

Serotonina e escolha alimentar

A serotonina, um neurotransmissor conhecido por melhorar o humor, também tem sido implicada na promoção do autocontrole, regulação da fome e da ingestão calórica. Contudo, não está claro se os efeitos da serotonina sobre a ingestão calórica refletem mecanismos puramente homeostáticos ou se a serotonina também modula os processos cognitivos envolvidos na tomada de decisões dietéticas. Nesse estudo pulicado em 2017 foi avaliado justamente isso! 27 participantes saudáveis receberam dose aguda de placebo ou dois medicamentos: um que aumenta serotonina, e outro que aumenta noradrenalina. Entre 1h30 – 3h após a administração das cápsulas, os participantes tiveram que realizar escolhas alimentares, sendo que estavam disponíveis alimentos mais saudáveis e alimentos menos saudáveis. Após análise estatística, foi demonstrado que os indivíduos que ingeriram o medicamento que aumenta a serotonina tiveram escolhas por alimentos mais saudáveis do que as pessoas que tomaram o placebo. Além disso, após a justificativa da escolha, as pessoas que ingeriram o medicamento que aumenta a serotonina deram ênfase nas considerações de saúde na hora da tomada de decisão. Por outro lado, quem tomou o medicamento que aumentou a noradrenalina, não teve alteração na escolha alimentar quando comparada com o placebo. Ou seja, a serotonina pode ajudar o indivíduo na escolha alimentar, diminuindo o risco de escolher alimentos menos saudáveis. Vale destacar que, embora o estudo tenha utilizado medicamento para aumentar a serotonina, através da alimentação e suplementação também conseguimos estimular a síntese desse neurotransmissor (com menor eficiência mas com menos efeito colateral)! Procure um nutricionista para orientá-lo sobre essas estratégias nutricionais!

Leite e Puberdade

O leite é (ou foi) um dos alimentos mais consumidos pelo ser humano, e mais que isso, por muitos anos tratado como uma peça chave de uma alimentação saudável. Porém, nos últimos anos, publicações científicas associaram o consumo deste alimento com várias alterações de saúde, inclusive o aumento da produção endógena de fatores de crescimento, como o IGF-1. Sabendo disso, os autores desse artigo de 2017 observaram a relação do consumo de leite e o desenvolvimento pubertário em 515 meninas. Eles avaliaram o consumo alimentar a partir de um recordatório de 24h realizado a cada 6 meses, o volume fibroglandular da mama e a data na menarca. Após analisar os resultados, os autores concluíram que o consumo de lácteos adoçados e saborizados artificialmente, consumidos em uma quantidade maior que 125 g/dia mostrou relação com o aumento do % do volume fibroglandular da mama. Em contrapartida, o consumo de menos de 125 g/dia de iogurte não foi associado com este aumento de volume, além de estar associado com um atraso da data da menarca. Ou seja, na ausência de qualquer alteração de saúde que impeça o consumo desses alimentos, o que vale a pena é consumi-los na sua forma mais in-natura possível, dentro de um contexto alimentar variado. Pois monotonia alimentar não é sinônimo de alimentação saudável. Mas lembre-se, antes de mais nada, consulte o seu nutricionista.

Gengibre e doenças crônicas

As especiarias são uma importante fonte de sabor para as preparações culinárias, e, além disso, fornecem fitoquímicos, que são substâncias associadas com efeitos benéficos à saúde! O gengibre (Zingiber officinale) é uma das especiarias mais utilizadas no mundo, e por conter uma grande quantidade de compostos bioativos, como o gingerol, exerce várias funções no organismo humano, inclusive participando da prevenção de doenças longo prazo. Foi fundamentado nessa afirmação que os autores dessa publicação, de abril de 2017 avaliaram a prevalência de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, dislipidemia, esteatose hepática, etc…) e o consumo diário de gengibre. Os autores observaram 4628 pessoas, e concluíram que a ingestão diária de gengibre (2-6 g/dia) foi associada com a redução de risco de hipertensão e doença coronariana, levando os pesquisadores a concluir que o gengibre poderia ser um fator preventivo para essas doenças. Vale destacar que já existem outros estudos mostrando que o gengibre pode ser interessante para ajudar no tratamento ou prevenção de outras doenças. Aqui no Nutrir com Ciência já falamos do efeito do gengibre em outras situações, como na redução de cólica menstrual, você lembra?! É importante ressaltar que o efeito do gengibre também depende da forma que você utilizará esse alimento. Antes de tornar essa informação um senso comum, e para saber qual a melhor forma de consumir, bem como a quantidade ideal para você, consulte o seu nutricionista!

Dose ideal de vitamina D

Todos sabemos que a vitamina D é essencial para a saúde óssea, o equilíbrio de cálcio, e mais que isso, exerce várias funções extra esqueléticas já bem descritas, como modulação da imunidade. Os alimentos ocupam somente 20% das fontes de vitamina D, o restante fica sob responsabilidade da radiação UVB, porém, é necessário lembrar que a mesma radiação que produz vitamina D, também é carcinogênica, e causa danos ao DNA. Associado a este fato, hoje em dia existem vários consensos de diferentes sociedades científicas sobre níveis plasmáticos ideais de vitamina D. Conforme os dados publicados na Nature na última sexta-feira (07/04/2017), existe um consenso entre as referências citadas na publicação, que crianças devem receber 400 UI/dia durante o primeiro ano de vida, e os idosos devem ter acesso à suplementação de vitamina D nas dosagens de 400-800 UI/ dia. Crianças e adultos que tem exposição solar limitada devem receber suplementação, mas as orientações de doses encontradas nas referências do artigo variam entre 200 – 2000 UI/dia. Além disso, concentrações plasmáticas de 25(OH)D (marcador do status de vitamina D) abaixo de 10 ng/mL devem ser evitadas em todas as idades, e entre todas as referências citadas pelo estudo existe uma grande variação de concentração ideal, que variam entre 10-40 ng/mL. Conforme visto na figura, a maior parte dos estudiosos consideram o valor adequado de 25(OH)D acima de 30 ng/mL. Por outro lado, valores acima de 100 ng/mL podem trazer toxicidade. Vale destacar que estamos falando de indivíduos saudáveis e que esse valor pode mudar de acordo com algumas patologias. Lembre-se, antes de tornar essas e outras informações um senso comum, consulte o seu nutricionista!

 

Exercício e apetite

Quem já fez exercício de alta intensidade sabe que, muitas vezes, ocorre supressão do apetite após o treino. E isso sempre foi correlacionado com alteração em hormônios e peptídeos que regulam a fome e saciedade. Porém, esse artigo de 2017 sugere que a causa não seja bem essa. Nesse estudo, realizado com meninos de 10-18 anos (com peso normal e com sobrepeso/obesidade), foi feito um protocolo de exercício de alta intensidade, análise de biomarcadores de apetite, inflamação, estresse, controle glicêmico e aplicação de uma escala visual análoga de apetite. O estudo confirmou que, em adolescentes, ocorre o mesmo que em adultos: exercício de alta intensidade suprime o apetite, independente do peso do indivíduo. Além disso, foi demonstrado que o exercício de alta intensidade: aumentou marcadores inflamatórios como interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral α (TNF-α); cortisol; glicemia e insulina apenas em meninos com peso normal e diminuiu os níveis de grelina (hormônio que aumenta o apetite). Além disso, após correlacionar essas alterações com o apetite, o único marcador que teve uma correlação inversa significativamente estatística foi a IL-6. Você pratica exercício de alta intensidade ou deseja praticar? Embora o artigo possua algumas limitações, os autores concluem que é principalmente o aumento da citocina inflamatória IL-6 que influencia na supressão do apetite após exercício de alta intensidade, embora a diminuição da grelina e aumento de cortisol possam influenciar também nesse processo. Procure profissionais da saúde para orientá-lo tanto na prática do exercício (educador físico), quanto na suporte alimentar para esse tipo de exercício (nutricionista).

Fast food e gestação

A gestação é um momento muito importante para a mulher e para o bebê que está sendo gerado! Uma alimentação adequada durante a gestação é de extrema importância para a saúde dos dois. Mas você sabia que o que a mulher come ANTES de engravidar também pode influenciar na saúde da mãe e, por consequência, do bebê?

Esse estudo realizado no Irã e publicado em 2017 avaliou o consumo de fast food antes de engravidar com o risco de desenvolver diabetes mellitus gestacional (DMG)! Os autores avaliaram o consumo total de fast food e também o consumo de alguns alimentos ultraprocessados isolados: hambúrgueres, salsichas, mortadela (carne bovina), pizza e batatas fritas.

Os resultados demonstraram que as mulheres que comiam mais fast food antes de engravidar, tinham mais risco de desenvolver DMG, independente dos fatores de risco conhecidos para DMG, como IMC, inatividade física e estilo de vida. Avaliando os alimentos separadamente, o que foi associado com o risco de DMG foi o alto consumo de batata frita!

Ou seja, mais um motivo para diminuirmos o consumo de fast food. Principalmente se você for mulher e deseja engravidar no futuro! Procure um nutricionista para orientá-la melhor!

Carboidrato ou proteína?

 A discussão para saber o que é melhor para o treinamento resistido (ex: musculação), carboidrato e/ou proteína, é longa e acirrada. E a busca por uma suplementação ideal não se limita somente ao desempenho durante a atividade, mas a manutenção da saúde do atleta, como a modulação da imunidade. Sabendo disso, os autores dessa publicação de fevereiro de 2017 decidiram observar o impacto da ingestão de 20g de proteína de carne hidrolisada, 20g de whey protein ou 20g de carboidrato, todos diluídos em suco de laranja, em 42 indivíduos fisicamente ativos, ingerido 1x por dia, imediatamente após o treino, ou junto do café da manhã nos dias em que os participantes não treinavam, durante 8 semanas. Ao final da intervenção, após analisarem as 27 pessoas que concluíram o estudo, os autores observaram que o uso de carboidrato associado com proteína (proteína de carne hidrolisada + suco de laranja ou whey protein + suco de laranja) foi melhor para o desempenho durante o treino comparado com quem usou apenas carboidrato (carboidrato + suco de laranja). Porém, houve um pequena modulação negativa em um marcador de imunidade no grupo que consumiu proteína de carne hidrolisada, enquanto que quem consumiu o whey protein ou apenas carboidrato não influenciou nesse marcador. Mas lembre-se da individualidade de cada praticante de atividade e de cada tipo de treinamento antes sair por aí aplicando essa informação como verdade absoluta!!! Além disso, vale lembrar que essa quantidade de proteína utilizada no estudo também pode ser obtida via alimento! Procure um nutricionista para orientá-lo melhor e analisar o que se adequa melhor ao seu caso.

Brássicas e Depressão

O sulforafano é uma substância presente nas hortaliças da família das brássicas, como couve de Bruxelas, brócolis, couve-flor, couve, nabo, rabanete, etc. Essa substância proporciona vários benefícios à saúde. Recentemente, estudo em animais demonstrou que essa substância também pode influenciar na depressão. Nesse estudo de 2017, os autores realizaram um protocolo que induziu um comportamento tipo-depressivo nos animais, além de alterar proteínas e citocinas inflamatórias que também influenciam na depressão. Por outro lado, os animais que receberam sulforafano antes do protocolo de indução do comportamento tipo-depressivo, não desenvolveram esse comportamento. Além disso, os animais tratados com sulforafano não tiveram alterações nas proteínas e citocinas inflamatórias. Nesse mesmo estudo, um outro experimento foi realizado com alteração da dieta (ração) dos animais durante a adolescência. Um grupo de animais recebeu uma dieta com 0,1% de glicorafanin (precursor do sulforafano) obtida a partir da couve de Bruxelas e, um outro grupo recebeu a dieta padrão durante toda a adolescência. Na vida adulta, esses animais foram submetidos ao protocolo para indução de comporto tipo-depressivo. De forma muito interessante, observou-se que o consumo dietético de glicorafanin durante a adolescência impediu o comportamento tipo-depressivo na vida adulta. Vale destacar que o estudo foi realizado em animais. Se o sulforafano vai ter o mesmo efeito em humanos e a dose necessária para isso ainda não podemos afirmar. Mas uma coisa é certa: as brássicas, quando consumidas de forma adequada e na quantidade adequada, pode trazer vários benefícios à saúde. Mas é sempre importante procurar um nutricionista para orientá-lo melhor.

Romã no pré-treino

A busca por suplementação e uso de alimentos específicos para o aumento da performance durante o exercício física é constante! E quando pensamos em suplementos pré-treino, frequentemente associamos a necessidade do aumento de óxido nítrico, vasodilatação e aumento de fluxo sanguíneo durante a prática do exercício. Sabendo disso, os autores dessa publicação de abril de 2017 avaliaram a performance de 19 participantes quando submetidos a um protocolo de exercício de alta intensidade. Além disso, avaliaram fluxo sanguíneo, diâmetro do vaso sanguíneo, saturação de oxigênio, frequência cardíaca e pressão arterial. Os participantes foram divididos em um grupo que recebeu 1000 mg de extrato de romã (Punica granatum) 30 minutos antes do exercício, e um grupo que recebeu placebo. Ao final da observação, os autores concluíram que o extrato de romã foi capaz de aumentar o diâmetro do vaso sanguíneo e aumentar o fluxo de sangue. Ou seja, dose aguda do extrato da romã pode ajudar na entrega de oxigênio e de substratos ao músculo, o que poderia, em alguns casos, melhorar a performance durante o exercício. Para usufruir deste benefício sem prejuízos a saúde, procure por um nutricionista!