COVID-19 e cérebro

Hoje o artigo é especial! Isso porque foi escrito por mim e outros excelentes pesquisadores. Nessa revisão que acabou de ser publicada nós abordamos o impacto do SARS-CoV-2 na microbiota intestinal e a relação disso com a comunicação entre o intestino-cérebro. Estudos clínicos têm evidenciado que pacientes com COVID-19 possuem alteração na microbiota intestinal, além de um aumento de citocinas inflamatórias. Essa alteração da microbiota e o aumento de inflamação podem, pelo menos em parte, alterar a comunicação que existe entre o intestino e o cérebro e começar a gerar inflamação cerebral. Esse aumento de inflamação, por sua vez, pode contribuir para o aparecimento de sintomas neuropsiquiátricos, como ansiedade, sintomas depressivos e alteração de sono. Com base nisso, nós sugerimos que o uso de probióticos poderiam ser interessantes pensando em modular a microbiota intestinal e diminuir a inflamação. Entretanto, ainda são necessários estudos clínicos para avaliar o efeito dos probióticos em pacientes com COVID-19 e se esse tratamento repercutiria em melhorar de sintomas neuropsiquiátricos.

Vitamina D e COVID-19

A vitamina D tem sido uma das estratégias mais estudadas agora na pandemia da COVID-19. Embora ainda não tenhamos certezas de muitas coisas, alguns estudos têm sugerido o benefício da vitamina D. De modo interessante, esse estudo avaliou a eficácia da suplementação com vitamina D (em duas doses diferentes: 5000 UI por dia ou 1000 UI por dia) por 2 semanas e como foi a recuperação de sintomas leves e moderados da COVID-19. De modo interessante, após duas semanas de suplementação, o grupo que utilizou 5000 UI de vitamina D por dia além de aumentar os níveis de vitamina D no sangue, diminuiu mais rápido os sintomas da COVID-19, em especial a tosse e a ageusia (perda do paladar). Isso sugere que talvez a vitamina D possa ser interessante como um terapia adjuvante no tratamento da COVID-19. Mas lembre-se, a suplementação sempre deve ser feita orientada por um profissional da saúde. Procure um médio ou um nutricionista.

Tempo de tela e alimentação

A pandemia da COVID-19 alterou vários hábitos de vida. Incluindo hábitos alimentares e de prática de atividade física. De modo bem interessante, esse estudo realizado no Brasil, com mais de 39 mil adultos avaliou a relação entre a quantidade de exposição às telas (TV, computador, tabletes) e o consumo de alimentos ultraprocessados durante a pandemia da COVID-19. Após análises estatísticas, foi observado que as pessoas que ficavam mais horas vendo TV ou no computador / tablet também comiam mais alimentos ultraprocessados e menos frutas e verduras. Ou seja, dois fatores que podem piorar a saúde (má alimentação a falta de atividade física) estando correlacionados. E isso pode repercutir em consequências a longo prazo.

Vitamina D e COVID-19

Há mais de um ano estamos enfrentando a pandemia da COVID-19. E inúmeros cientistas espalhados pelo mundo estão fazendo pesquisas para tentar entender melhor sobre esse vírus e sobre estratégias que poderiam auxiliar no tratamento. Nesse estudo publicado agora em 2021, realizado em 5 hospitais públicos no Sul da Espanha, foi observado o papel da suplementação de vitamina D durante a internação e o risco dos pacientes morrerem. Para isso, os pacientes com COVID-19 receberam placebo ou vitamina D (21.280 UI no dia da internação e depois 10.640 UI nos dias 3, 7, 14, 21 e 28 de internação). Após análises ajustadas para confundidores, foi observado que a suplementação de vitamina D foi associada à menor taxa de mortalidade do que os pacientes que não receberam vitamina D. Mas é bom destacar que tudo é muito novo no que se refere a COVID-19 e que mais estudos são necessários.

Selênio e COVID-19

Um grande esforço da ciência está sendo feito nos últimos meses para tentar entender melhor sobre a doença COVID-19. Algumas estratégias nutricionais também estão sendo estudadas, em especial, estratégias que influenciam no sistema imunológico. Um dos nutrientes importantes para o sistema imunológico é o selênio, encontrado, em especial, na castanha do Brasil. Nesse artigo publicado há poucas semanas, os autores investigaram os níveis de selênio sérico em pacientes com o corona vírus e correlacionaram com a taxa de morte ou sobrevivência. Após análises, foi observado que os pacientes que sobreviveram ao COVID-19 tinham níveis maiores de selênio no sangue do que os pacientes que morreram. Porém, ainda não podemos afirmar causalidade. O que foi observado foi correlação. Mas, na dúvida, vale a pena você ajustar a quantidade de selênio na alimentação. Aqui, é importante mencionar que é super fácil conseguir selênio através da alimentação e que não é para “sair por aí” querendo suplementar selênio. E nunca esqueça que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista!