Bariátrica e complexo B

A cirurgia bariátrica, em especial a bypass em Y de Roux, reduz a área de absorção de nutrientes, podendo aumentar o risco de deficiências nutricionais. Alguns dos nutrientes afetados são as vitaminas do complexo B, que possuem inúmeras funções para o organismo. Nessa revisão de 2021, os autores investigaram o impacto da cirurgia bariátrica no status de vitaminas do complexo B e a correlação com saúde mental. Os autores colocam que a deficiência de vitaminas do complexo B é bem comum após cirurgia bariátrica e, que em muitos casos, essa deficiência continua mesmo após a suplementação. Essa diminuição de vitaminas do complexo B poderia afetar a saúde mental por vários fatores, incluindo: aumentar inflamação, afetar vários neurotransmissores e aumentar os níveis de homocisteína. Essas questões, por sua vez, podem aumentar o risco de sintomas depressivos, ansiedade, declínio cognitivo, entre outros sintomas e problemas neuropsiquiátricos. Por isso, é muito importante avaliar o estatus de complexo B antes e após a cirurgia bariátrica e tentar fazer os ajustes necessários para evitar a deficiência dessas vitaminas. Procure um nutricionista para orientá-lo melhor.

Creatina e cérebro

A creatina é um dos suplementos ergogênicos mais estudados. Não se tem mais dúvidas sobre o papel da creatina no que tange performance esportiva, tendo ação, em especial, no aumento de força muscular. Mas o que talvez você não saiba, é que a creatina está sendo estudada para questões envolvendo o cérebro. Nessa revisão publicada agora em 2021, os autores colocam um papel da creatina para melhorar o processamento cognitivo, especialmente em condições caracterizadas por déficits de creatina no cérebro, como por exemplo: estressores agudos (exercício, privação de sono), estresse crônico ou condições patológicas (ex: lesão cerebral traumática leve, envelhecimento, doença de Alzheimer, depressão). Entretanto, as doses de creatina utilizadas nos estudos envolvendo questões cerebrais variam muito (desde 5 g/dia até 20 g/dia) e o tempo de utilização também varia muito (5 dias até 24 semanas). Além disso, o protocolo ideal de creatina capaz de aumentar os níveis de creatina no cérebro ainda não é determinado. Da mesma forma, são necessários mais estudos para se estabelecer algum dose ideal. Enquanto isso, procure um Nutricionista para avaliar seu caso e ver o que é necessário para você.

Alimentação e depressão

Se você me acompanha a mais tempo, já sabe que vários aspectos nutricionais podem estar associados à depressão. Já mostrei vários estudos falando sobre o impacto de alimentos e nutrientes na depressão. Mas hoje o post é mais especial! Primeiro porque foi realizado aqui no Brasil! Segundo porque foi escrito por mim (Luana Manosso) e por mais dois nutricionistas e epidemiologistas (Fernanda Meller e Antonio Schäfer)!! Foi um estudo de base populacional, realizado em Criciúma-SC, no qual foi avaliado a associação entre alimentação e depressão. Após análises estatísticas, foi observado que as pessoas que tinham um padrão alimentar pior tinham 39% mais chance de ter episódios depressivos. Alisando os alimentos separadamente, foi observado que o alto consumo de refrigerantes e sucos artificiais (5 vezes ou mais por semana) também foi associado à depressão. Por fim, o consumo de alimentos não saudáveis também foi correlacionado com depressão. E nunca esqueça que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista!

OBS: Se você quiser ler o artigo na integral, ele estará de livre acesso até início de março no seguinte link: https://authors.elsevier.com/c/1cR9CbXYig-Qe

Café e cérebro

O consumo de café tem sido estudado para várias doenças neuropsiquiátricas. Em algumas delas o café parece diminuir o risco de desenvolver a doença. Em outras o café parece aumentar o risco. Nos últimos anos, alguns estudos também estão demostrando efeitos diferentes de acordo com o sexo. E foi sobre isso que essa revisão agora de 2020 abordou. Após analisar vários artigos, os autores separam os efeitos de acordo com o problema neuropsiquiátrico:

            – Acidente vascular cerebral (AVC): ingestão de cafeína é protetora. Maior efeito em mulheres do que em homens.

          – Distúrbios do sono: cafeína aumenta o risco de piora no sono. Efeito parecido entre homens e mulheres.

             – Demência: ingestão de cafeína tem efeito protetor. Maior efeito em mulheres.

            – Doença de Parkinson: ingestão de cafeína tem efeito protetor. Maior efeito em homens.

        – Depressão: na vida adulta, cafeína diminui risco de depressão em mulheres. Na adolescência, cafeína aumenta o risco de depressão, principalmente em homens.

Entretanto, ainda são necessários mais estudos. Além disso, vale destacar que existem polimorfismos envolvidos na metabolização da cafeína e que isso pode influenciar no efeito.  Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Fibra e depressão

A ingestão adequada de fibra dietética tem impacto na comunicação intestino-cérebro e acaba impactando na saúde mental. Nesse estudo realizado com quase 3000 mil adultos foi investigado a ingestão de fibra de vários tipos de alimentos e visto a relação com depressão. Após análises, foi visto que uma maior ingestão de fibras vindas de cogumelos e algas marinhas foi inversamente associada a mais sintomas depressivos, ou seja, quanto maior a ingestão, menos sintomas depressivos as pessoas tinham. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Vitamina D e cérebro

Já valei dos benefícios da vitamina D para várias doenças neurológicas, incluindo depressão e ansiedade. Os autores desse artigo de 2020 avaliaram a relação entre os níveis de vitamina D no sangue (25(OH)D) com sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Analisando todos os indivíduos, foi observado que níveis menores de vitamina D estão associados a mais risco de sintomas de depressão, ansiedade e estresse. De modo interessante, quando os autores fizeram sub-análises para ver se tinha diferença entre homens e mulheres, eles observaram que essa relação só existia nas mulheres. Que nos homens, a vitamina D não influenciava nesses sintomas. Porém, vale destacar que esse foi o primeiro estudo que observou isso e que mais estudos ainda são necessários. E claro, a vitamina D tem várias outras funções para o corpo. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Magnésio e psiquiatria

O magnésio é um mineral com várias funções para o cérebro, incluindo síntese de neurotransmissores, transmissão e transdução de sinais intracelulares. Mas temos estudos em humanos que respaldam a importância do magnésio em transtornos psiquiátricos? Os autores dessa revisão encontraram estudos associando magnésio com depressão, transtornos de ansiedade, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno e espectro autista, esquizofrenia e transtornos alimentares. Embora ainda existam dados controversos, os autores colocam que, possivelmente, o magnésio pode trazer efeitos terapêuticos para os transtornos psiquiátricos, em especial para a depressão. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Probióticos e depressão

Um grande número de evidências demonstra que o nosso cérebro se comunica com o nosso intestino e que um influencia no funcionamento do outro. Temos vários estudos mostrando que pacientes com depressão tem alteração na microbiota intestinal. Mas será que usar probióticos pode ajudar a melhorar sintomas depressivos? Nessa última revisão sistemática e meta-análise os autores mostram, mais uma vez, que os pacientes com alteração de humor têm sim mudanças na microbiota intestinal. Além disso, os autores também colocam que o uso de probióticos pode sim ajudar na diminuição dos sintomas depressivos. Mas ainda não podemos afirmar que uma cepa é melhor do que outra. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Triptofano e humor

Ter sintomas de depressão e ansiedade é algo relativamente comum. Ainda mais nesses tempos de pandemia que estamos passando. Por outro lado, algumas estratégias nutricionais podem nos ajudar a melhorar o humor e diminuir a ansiedade. Nessa revisão sistemática publicada agora esse ano, os autores avaliaram os efeitos do triptofano para melhorar sintomas de depressão e ansiedade em pacientes saudáveis (ou seja, que possuem sintomas mas não tem a doença diagnosticada). Após revisar vários artigos, os autores colocam que o triptofano pode diminuir sintomas de depressão e de ansiedade em pacientes saudáveis. As doses dos estudos variam de 0,14 até 3 g/dia. Aqui, vale a pena destacar, que as doses mais baixas podem ser alcançadas via alimentação (principalmente através das leguminosas e oleaginosas). Mas, dependendo da gravidade dos sintomas, também podemos pensar em suplementação. Mas lembre-se, individualidade é MUITO importante. Apenas um profissional competente e atualizado vai avaliar qual a melhor estratégia a ser utilizada!

Ômega-6, ômega-3 e depressão

Que o ômega-3 é importante para ajudar na depressão não temos mais dúvida. Vários estudos e meta-análises mostram a importância desse ácido graxo nos transtornos de humor. Mas, de modo bem interessante, esse artigo de 2020 conseguiu estipular a quantidade mais efetiva de ômega-3, ômega-6 e a relação entre w6:w3 pensando em depressão. Em relação ao ômega-3, foi observado que a ingestão que mais diminui risco de depressão é na quantidade de 1,1 mg/Kcal/dia. Porém, acima de 1,8 mg/Kcal/dia, não se observa mais benefício. Em relação ao ômega-6, o menor risco de depressão observa-se com a ingestão de 8,8 mg/Kcal/dia. E acima de 11,9 mg/Kcal/dia não se observa mais benefício. Por fim, os autores também observaram que quanto mais a relação entre ômega-6 e ômega-3 (w6:w3), maior o risco de depressão. Ou seja, precisamos ajustar na dieta a quantidade isolada de ômega-3 e ômega-6 e, ter uma relação adequada entre esses dois ácidos graxos poli-insaturados. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!