Efeitos do alho na glicemia e lipídios séricos

Luana Manosso

Os efeitos do alho, em especial do seu princípio ativos alicina, nos níveis de glicose e lipídeos séricos vêm sendo estudados há vários anos, com dados ainda controversos. Uma recente meta-análise publicada dia 29 de maio analisou dados de 22 estudos.

De forma interessante, após análises estatísticas, foi evidenciado que o uso do alho conseguiu reduzir glicemia em jejum, hemoglobina glicada (que avalia a média da glicemia dos últimos 3 meses), colesterol total, LDL-c e aumento HDL-c. Porém, não foi observado benefícios nos níveis de triglicerídeos.

Vale a pena destacar que os estudos utilizam extrato de alho em cápsulas e não o consumo do alimento.
(Referência: Zhao, X.; et al. Nutrients., 16(11):1692, 2024. Doi: 10.3390/nu16111692).

E lembre-se que, quando pensamos em suplementação, é sempre importante procurar um profissional da saúde para avaliar o seu caso ao invés de suplementar por conta própria.

Azeite de oliva e saúde da mulher

O azeite de oliva é um alimento cujas propriedades vêm sendo estudadas desde o século VII a.C. Ele é um dos alimentos mais estimulados na “dieta do mediterrâneo”, já que cerca de 70% de todo o azeite de oliva é produzido pelos países do mediterrâneo.  O azeite de oliva é constituído predominantemente de ácido oleico (considerado um ácido graxo monoinsaturado – que deveria ser o principal ácido graxo consumido na dieta). Além disso, o azeite de oliva extravirgem possui inúmeros polifenóis, incluindo hidroxitirosol, oleuropeína. O azeite de oliva e seus polifenóis estão sendo estudados para vários benefícios à saúde. De modo interessante, esse estudo de 2021 investigou o papel desse alimento na saúde da mulher. Os autores colocam vários estudos em animais e humanos que investigam o papel do azeite de oliva e/ou de seus polifenóis no câncer de mama, câncer de ovário, osteoporose pós-menopausa e para controle de glicemia e dislipidemia nas mulheres pós-menopausa. E lembre-se que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista! Procure o seu para avaliar a quantidade de azeite de oliva que é interessante usar para o seu caso.

B9 e glicemia

Ter um bom controle glicêmico é muito importante para a saúde. Em especial para pacientes com diabetes. E é claro que a alimentação é o que mais impacta nesse controle da glicose sanguínea. Porém, alguns suplementos também podem auxiliar. E um deles é o ácido fólico (ou vitamina B9). Nessa meta-análise publicada em 2021 os autores investigaram os efeitos da suplementação com ácido fólico em parâmetros de controle glicêmico. Após análises estatísticas com dados de 24 estudos, foi observado que a suplementação com ácido fólico diminuiu insulina me jejum, glicemia em jejum e HOMA-IR. Ou seja, melhorou parâmetros envolvidos no controle glicêmico. Porém, o ácido fólico não deu resultado nos níveis de hemoglobina glicada. Ou seja, ele não vai fazer milagre sozinho. É muito importante associar outras condutas. Os valores de ácido fólico variam muito entre os estudos, desde valores mais baixos (que nutricionista pode prescrever) até valores muito altos. Porém, análise do próprio estudo mostrou que o efeito do ácido fólico não tem relação linear com a dose. Ou seja, nem sempre quanto maior a quantidade, melhor. Vale lembrar que suplementar sem recomendação de um profissional da área da saúde não é a melhor opção. Por isso, procure um nutricionista para avaliar seu caso.

IG e SOP

Mulheres com síndrome do ovário policístico (SOP) podem ter várias alterações hormonais e cardiometabólicas. Entre elas, é comum aumento de testosterona total, resistência à insulina e alteração em lipídeos séricos (como colesterol, LDL e triglicerídeos). Por outro lado, inúmeras estratégias nutricionais estão sendo estudadas para melhorar a SOP. Uma das estratégias é adotar uma dieta com baixo índice glicêmico (IG). De modo interessante, essa meta-análise publicada agora em 2021 avaliou os reais efeitos de uma dieta com baixo IG nas mulheres com SOP. Após análise estatística, foi evidenciado que a dieta com baixo IG consegue reduzir os níveis de testosterona total nas mulheres com SOP. Além disso, dieta com baixo IG consegue diminuir HOMA-IR, insulina jejum, colesterol, LDL-c, triglicerídeo e circunferência da cintura. Ou seja, melhora parâmetros hormonais e cardiometabólicos da SOP. E nunca esqueça que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista!

Resveratrol e fígado

O resveratrol é um fitoquímico encontrado nas cascas de uva, mirtilos, framboesas, amoras, amendoins, vinho tinto, entre outros alimentos. Vários estudos em células, em animais e em humanos estão sendo realizados para investigar os possíveis benefícios do resveratrol para a saúde. Nessa revisão agora de 2021, os autores investigaram o papel do resveratrol na saúde do fígado. Estudos em células e animais sugerem que o resveratrol pode fornecer proteção hepática, pode melhorar o metabolismo da glicose e o perfil lipídico, reduzir a fibrose hepática e a esteatose hepática. Além disso, é capaz de alterar a composição de ácidos graxos das células do fígado, além de ter uma ação anti-inflamatória e antioxidante. Existem alguns estudos em humanos, porém, com alguns dados controversos. Embora alguns estudos sugiram que o resveratrol possa ajudar, em especial por diminuir inflamação, estresse oxidativo e ajudar no controle da obesidade e glicemia, ainda não podemos afirmar ou estipular uma dose ideal. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista! Ele avaliará o que é melhor para o seu caso.

Leguminosas e DCV

Doenças cardiovasculares (DCV) são muito prevalentes e uma das principais responsáveis por mortes do mundo. Essas doenças sofrem muita influência da alimentação. Nenhum alimento específico faz “milagre” e resolverá todos os problemas, por isso, é bem importante ter um padrão alimentar saudável. Mas, dentro desse padrão alimentar, podemos citar alguns alimentos. Nessa revisão agora de 2021, os autores abordam o papel das leguminosas (ex: feijão, ervilha, grão de bico, etc) no que tange aspectos envolvidos com essas doenças cardiometabólicas. Essas leguminosas possuem macronutrientes (carboidratos, fibras, proteínas e lipídeos), além de micronutrientes (ex: ferro, cálcio, zinco, folato, etc) e fitoquímicos. Em conjunto, isso pode ajudar a diminuir obesidade, controlar glicemia, diminuir inflamação e melhorar a saúde intestinal e a microbiota. Tudo isso poderia contribuir para diminuir o risco de doenças cardiometabólicas. Mas mais uma vez, não adianta comer leguminosa e o resto da alimentação ser ruim. Por isso, procure um Nutricionista para orientá-lo melhor!

Curcumina e SOP

A Síndrome do ovário policístico (SOP) é a desordem endócrina mais comum das mulheres em idade reprodutiva. As três características que estão envolvidas no diagnóstico são hiperandrogenemia (aumento de hormônios androgênicos), disfunção ovulatória (ciclo menstrual > 35 dias) e morfologia ovariana policística (cistos nos ovários). Além disso, mulheres com SOP tem risco aumentando de vários outros problemas, incluindo desregulação glicêmica e lipídica. Por outro lado, a nutrição tem um papel bem importante no controle da SOP. Essa meta-análise publicada agora de 2021 avaliou o efeito da curcumina em mulheres com SOP. Entraram para a análise 3 estudos (totalizando 168 mulheres). As doses de curcumina variaram de 500 mg até 1500 mg/dia por 6-12 semanas. Após análises, observou-se que as mulheres que recebiam curcumina diminuíam glicemia em jejum, insulina em jejum, HOMA-IR e colesterol total e aumentavam HDL-c e QUICKI (avalia melhora de sensibilidade à insulina). Porém, a curcumina não influenciou no LDL-c e nem no triglicerídeo. Ou seja, dependendo do perfil da paciente, a curcumina pode ser uma das estratégias nutricionais a ser pensada. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista! Existem várias condutas nutricionais que são importantes para mulheres com SOP.

Whey protein e diabetes

A presença de diabetes tipo 2 em pacientes idosos com obesidade acelera a perda de massa muscular com o envelhecimento. Além de trazer outros riscos para a saúde. A perda de peso nesses pacientes é muito importante. Porém, se não for bem orientada, essa perda de peso pode gerar muita perda muscular também. Nesse estudo publicado agora em 2021, os autores avaliaram 123 pacientes acima de 55 anos, obesos e com diabetes tipo 2 e investigaram o efeito de dois protocolos realizado por 13 semanas:

– Grupo 1: dieta hipocalórica + treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) + suplementação com whey protein (21 g de proteína, contendo 3 g de leucina + 9 g de carboidrato + 3 g de gordura + 800 UI de vitamina D).

– Grupo 2: dieta hipocalórica + HIIT + bebida controle isocalórica (com 25 g de carboidrato e 6 g de gordura).

Ou seja, os dois grupos treinaram (3 vezes na semana, por 1 hora) e fizeram dieta hipocalórica. A diferença foi que um grupo recebeu a bebida rica em proteína e o outro recebeu uma bebida controle (rica em carboidrato). A bebida foi ofertada todos os dias antes do café da manhã e nos 3 dias de treino, recebiam uma segunda dose após o treino. Ou seja, foram 10 doses por semana. Por 13 semanas. Após esse período, observou-se que os dois grupos tiveram perda de peso e diminuiu glicemia em jejum e HbA1c (já que ambos recebiam orientações de dieta hipocalórica e exercícios). Por outro lado, mudanças de hábitos associado à bebida com proteína exerceu efeitos benéficos na massa muscular (aumentou massa magra total) e ajudou mais no controle glicêmico, já que nesse grupo também houve diminuição de insulina em jejum e diminuição do HOMA-IR. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Comer rápido e glicemia

Estudos epidemiológicos sugerem que comer rápido pode estar associado a mais risco de diabetes e obesidade. Nesse estudo de 2020, os autores avaliaram o impacto de comer rápido (10 minutos) ou comer mais lento (20 minutos) na glicemia. Após análises, foi observado que quando as pessoas comiam mais rápido, ocorria mais “excursões glicêmicas”, que é quando a glicemia sai do seu valor considerado normal. Ou seja, mais um benefício de fazer refeições com calma! É fácil? Não. Mas é questão de praticar.

 

Vitamina K e glicemia

Ajuste alimentar é essencial para melhorar o controle glicêmico e diminuir o risco de ter diabetes ou resistência à insulina. Além disso, vários nutrientes podem ser interessantes. O que pouca gente não sabe é que a vitamina K pode ser um desses nutrientes que auxiliam no controle glicêmico. Nessa revisão agora de 2020, os autores mostram vários dados que corroboram com a ideia de que a vitamina K possa ajudar a diminuir o risco de diabetes e melhorar a resistência à insulina. Dos possíveis mecanismos de ação, os autores comentam sobre o papel da vitamina K em prevenir inflamação, o papel na vitamina K na modulação de proteínas que dependem dessa vitamina e um possível efeito insulinotrópico. Porém, ainda são necessários mais estudos. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!