A fisiopatologia da enxaqueca é complexa e envolve várias questões. Dois pontos envolvidos na enxaqueca e que tem relação com nutrição é o estresse oxidativo e a inflamação. Dessa forma, estratégias que controlam o estresse oxidativo e a inflamação têm sido estudadas para auxiliar no tratamento da enxaqueca. Nessa revisão publicada agora em 2021, os autores levantam os principais achados clínicos e pré-clínicos que associam a vitamina B2 (riboflavina) e a enxaqueca. Avaliando os mecanismos de ação, diversos estudos em animal sugerem a capacidade de vitamina B2 em diminuir o estresse oxidativo, melhorar a função da mitocôndria e diminuir a inflamação no cérebro. Além disso, existem alguns estudos clínicos que demonstram que a suplementação com doses altas de riboflavina (normalmente 200 – 400 mg/dia) pode auxiliar no tratamento da enxaqueca. Porém, ainda existe a necessidade de mais estudos clínicos. Por isso, ainda não podemos afirmar que essa dose alta de riboflavina vai ser interessante em todos os casos de enxaqueca. Procure um nutricionista para avaliar individualmente o seu caso.
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Vitamina K e Alzheimer
Quando pensamos em funções da vitamina K, normalmente pensamos em função óssea e na coagulação sanguínea. Porém, a vitamina K está sendo estudada para outras funções, incluindo no cérebro. E essa revisão aborda algumas funções da vitamina K2 (uma das formas da vitamina K) pensando em prevenção e tratamento da doença de Alzheimer. Uma das funções da vitamina K é em diminuir a neuroinflamação, em especial pelo fato de modular a proteína Gas6 (que é uma carboxilase dependente de vitamina K). Além disso, a vitamina K parece diminuir estresse oxidativo e a apoptose de neurônios induzida pela beta-amiloide (uma proteína que se acumula na doença de Alzheimer). Outra possível função é através do eixo microbiota-intestino-cérebro, já que a vitamina K2 pode ser produzida pela microbiota intestinal. Porém, a maior parte dos estudos ainda são pré-clínicos, existindo a necessidade de mais estudos clínicos para avaliar doses e tempo de uso, bem como o efeito clínico. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!
Ácido fólico e inflamação
A inflamação é um componente essencial para uma resposta imune adequada e a manutenção da homeostase no corpo. Por outro lado, a inflamação crônica desempenha um papel fundamental no início e progressão de várias doenças crônicas, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas, artrite reumatoide e câncer. Por isso, controlar a inflamação é importante. Além da alimentação (que é essencial para esse controle da inflamação), alguns micronutrientes podem nos ajudar. E olhem que interessante, a vitamina B9 (também chamada de ácido fólico), pode ser um desses micronutrientes. E essa meta-análise de 2021 investigou se a suplementação de ácido fólico pode ajudar a diminuir marcadores inflamatórios. Após analisar 12 estudos, os autores observaram que a suplementação de ácido fólico pode ajudar a diminuir os níveis da proteína C-reativa (PCR), que é um dos marcadores de inflamação. Por outros lado, não se observou efeito do ácido fólico nos níveis de interleucina-6 e nem de TNF-alfa. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!
Probióticos e saúde mental
Já fiz vários postes sobre a importância do eixo microbiota-intestino-cérebro para a saúde cerebral. Hoje, trago um estudo clínico publicado agora esse ano que avaliou os efeitos da suplementação com probióticos na saúde mental de adultos saudáveis. Para o estudo, 156 adultos foram separados em dois grupos: um grupo recebeu placebo e outro grupo recebeu probióticos (2 bilhões de UFC de Lactobacillus reuteri NK33 e 0,5 bilhão de Bifidobacterium adolescentes NK98) por 8 semanas. Após esse período, foi observado que as pessoas que ingeriram os probióticos diminuíram sintomas de depressão, ansiedade e insônia. Além disso, houve uma diminuição nos níveis de interleucina-6 (IL-6) no sangue, demostrando uma diminuição de inflamação. De modo interessante, também foi observado que as pessoas que ingeriram os probióticos tiveram mudanças na microbiota intestinal. Ou seja, probióticos auxiliaram na melhora da saúde mental em indivíduos saudáveis. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!
Dieta e cognição
O período da pós-menopausa é acompanhado por uma queda nos níveis de estradiol. A queda nesse hormônio pode aumentar o risco de vários problemas, incluindo piora na cognição. Por outro lado, a alimentação parece impactar no envelhecimento cerebral, podendo aumentar ou diminuir o risco de declínio cognitivo, dependendo do tipo de alimentação que a pessoa tem. Nesse estudo publicado agora em 2021 foi avaliado a relação entre a qualidade da dieta, cognição e marcadores inflamatórios em mulheres na pós-menopausa. Após avaliar 222 mulheres, foi observado que aquelas que tinham uma dieta mais anti-inflamatória, tinham melhor memória e menos marcadores inflamatórios. Por outro lado, foi observado que uma dieta mais inflamatória aumentava o risco de declínio cognitivo. Ou seja, um padrão alimentar mais anti-inflamatório pode ser uma das estratégias para auxiliar na prevenção de declínio cognitivo. E nunca esqueça que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista!
COVID-19 e cérebro
Hoje o artigo é especial! Isso porque foi escrito por mim e outros excelentes pesquisadores. Nessa revisão que acabou de ser publicada nós abordamos o impacto do SARS-CoV-2 na microbiota intestinal e a relação disso com a comunicação entre o intestino-cérebro. Estudos clínicos têm evidenciado que pacientes com COVID-19 possuem alteração na microbiota intestinal, além de um aumento de citocinas inflamatórias. Essa alteração da microbiota e o aumento de inflamação podem, pelo menos em parte, alterar a comunicação que existe entre o intestino e o cérebro e começar a gerar inflamação cerebral. Esse aumento de inflamação, por sua vez, pode contribuir para o aparecimento de sintomas neuropsiquiátricos, como ansiedade, sintomas depressivos e alteração de sono. Com base nisso, nós sugerimos que o uso de probióticos poderiam ser interessantes pensando em modular a microbiota intestinal e diminuir a inflamação. Entretanto, ainda são necessários estudos clínicos para avaliar o efeito dos probióticos em pacientes com COVID-19 e se esse tratamento repercutiria em melhorar de sintomas neuropsiquiátricos.
Camomila e cólica
A dismenorreia, popularmente conhecida como cólica menstrual é uma situação que acomete muitas mulheres durante o período menstrual. O aumento de prostaglandinas inflamatórias no endométrio é uma das explicações para justificar essa cólica. Por outro lado, várias estratégias nutricionais podem ajudar no alívio da cólica. Em especial estratégias que conseguem diminuir essas prostaglandinas inflamatórias. Nessa revisão publicada agora em 2021 os autores abordam o papel da camomila (Matricaria recutita) nas cólicas menstruais. Dos 7 estudos que entraram na revisão (totalizando uma amostra de 1033 pessoas), 5 estudos investigaram o papel da camomila na cólica, demonstrando que ela pode ser efetiva na redução da dor. Os estudos utilizam a camomila em cápsula, em uma quantidade variando de 250-500 mg a cada 6 ou 8 h. Mas isso não significa que você não pode utilizar a camomila na forma de chá (infusão). Os outros dois estudos que entraram nessa revisão avaliaram o efeito da camomila na redução do volume menstrual, sugerindo que a camomila também pode auxiliar na redução do volume/intensidade do fluxo menstrual. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!
Curcumina e cérebro
A expectativa de vida tem aumentado nos últimos anos. Porém, o número de pessoas com algum grau de prejuízo cognitivo também está aumentando. Inúmeras questões podem estar associadas ao envelhecimento cerebral, incluindo aumento de inflamação e estresse oxidativo. Por outro lado, estratégias que diminuem inflamação e estresse oxidativo estão sendo estudadas pensando em melhorar o envelhecimento cerebral e diminuir risco de problemas cognitivos. E a curcumina, fitoquímico presente no açafrão da terra (Curcuma longa), é uma das estratégias que tem sido bastante estudada. Nessa revisão de 2021 os autores abordam alguns possíveis mecanismos de ação da curcumina, incluindo: diminuição de inflamação (periférica e neuroinflamação), diminuição de estresse oxidativo, aumento da neurogênese e neuroplasticidade. Além disso, a curcumina também parece ser interessante em melhorar controle glicêmico, que também pode afetar o cérebro. Porém, os autores também discutem que a biodisponibilidade da curcumina é baixa e que, por isso, os resultados podem sofrer influência de acordo com a forma de suplementação. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!
Bariátrica e complexo B
A cirurgia bariátrica, em especial a bypass em Y de Roux, reduz a área de absorção de nutrientes, podendo aumentar o risco de deficiências nutricionais. Alguns dos nutrientes afetados são as vitaminas do complexo B, que possuem inúmeras funções para o organismo. Nessa revisão de 2021, os autores investigaram o impacto da cirurgia bariátrica no status de vitaminas do complexo B e a correlação com saúde mental. Os autores colocam que a deficiência de vitaminas do complexo B é bem comum após cirurgia bariátrica e, que em muitos casos, essa deficiência continua mesmo após a suplementação. Essa diminuição de vitaminas do complexo B poderia afetar a saúde mental por vários fatores, incluindo: aumentar inflamação, afetar vários neurotransmissores e aumentar os níveis de homocisteína. Essas questões, por sua vez, podem aumentar o risco de sintomas depressivos, ansiedade, declínio cognitivo, entre outros sintomas e problemas neuropsiquiátricos. Por isso, é muito importante avaliar o estatus de complexo B antes e após a cirurgia bariátrica e tentar fazer os ajustes necessários para evitar a deficiência dessas vitaminas. Procure um nutricionista para orientá-lo melhor.
Geleia real
Você olhou para a foto e achou que era leite condensado? Mas não é hehehe. É geleia real, que é uma secreção ácida branco-amarelada, cremosa, retirada das glândulas mandibulares e hipofaríngeas de jovens operárias da espécie Apis melífera. Porém, somente as abelhas rainhas podem se alimentar da geleia real. Um fato curioso é que as abelhas rainhas duram cerca de 5 anos, enquanto que as abelhas operárias duram em média 45 dias. Mas você sabe do que é composta a geleia real? Sua maior parte é água (50-70%), seguida de proteínas (9-18%), carboidrato (7-18%), lipídeos (3-8%), minerais (em especial potássio, fósforo, enxofre, cálcio, magnésio e sódio), vitaminas (em especial B5 e B3) e compostos fenólicos. Porém, vale destacar que essa composição varia de acordo com a origem geográfica, tempo de colheita, contaminantes e que ela pode ser adulterada. Pensando em suas propriedades para a saúde, existem alguns estudos mostrando possíveis propriedades, incluindo: antilipidêmicas, antioxidantes, anti-inflamatórias, antiproliferativas, antimicrobianas, neuroprotetoras, imunomoduladoras, antienvelhecimento e estrogênicas (podendo ser interessante na menopausa). Vale destacar que não temos estudos em humanos para todos esses efeitos. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!