Dieta do mediterrâneo e seus benefícios intestinais em pacientes com Parkinson

Luana Manosso

É muito comum pacientes com doença de Parkinson terem alterações gastrointestinais, em especial, constipação.

Um estudo publicado agora em setembro investigou o efeito da aderência a uma dieta do mediterrâneo por 8 semanas em pacientes com doença de Parkinson.

De modo interessante, os pacientes que fizeram uma dieta estilo mediterrâneo melhoraram sintomas de constipação e diminuíram calprotectina fecal (marcador de inflamação intestinal).

Referência: Rusch, C.; et al. Nutrients., 16(17):2946, 2024.Doi: 10.3390/nu16172946

Cronodisrupção e eixo microbiota-intestino-cérebro

luana cronodisrupcao

Os ritmos circadianos são oscilações fisiológicas e comportamentais apresentadas pelos seres vivos em intervalos periódicos de aproximadamente 24 horas. Por outro lado, a cronodisrupção é definida como a interrupção dos ritmos circadianos por longos períodos.

Diversos estudos mostram a relação da cronodisrupção com vários problemas e doenças. Nessa revisão publicada final de fevereiro deste ano, os autores abordam a relação da cronodisrupção com o eixo microbiota-intestino-cérebro.

Na parte A da figura temos uma situação de eubiose, temos uma a microbiota intestinal saudável, que apresenta oscilações circadianas mediadas pelo eixo intestino-cérebro. Na parte B da figura, em condições de cronodisrupção, a relação bidirecional é alterada por fatores externos como maus hábitos alimentares ou consumo de drogas, além de toxinas e microorganismos patogênicos, modificando a permeabilidade intestinal, exacerbando a disbiose, aumentando inflamação e gerando vários problemas em decorrência da relação microbiota-intestino-cérebro.

 

Aveia e seus benefícios ao intestino

benefícios da aveia para o intestino

A aveia é um alimento rico em fibras solúveis chamadas de beta-glucanas. Vários estudos tem demonstrado os benefícios no consumo desse tipo de fibra e de aveia.

Na última revisão publicada agora em agosto, os autores colocam que o consumo de aveia:

  • melhora a microbiota intestinal,
  • diminui a permeabilidade do intestino,
  • aumenta a síntese de ácidos graxos de cadeia curta e
  • diminui inflamação e estresse oxidativo.

Embora sejam necessários mais estudos, o consumo da aveia tem se demonstrado benéfico na maior parte dos estudos.
(Referência: Fbiano, G.A.; et al. Nutrients., 15(16), 3534, 2023. Doi:10.3390/nu15163534)

E você, tem hábito de consumir aveia?

Produtos finais de glicação avançada

glicação

 

Os produtos finais de glicação avançada (AGEs) são um grupo de compostos que são formados através da reação de Maillard, que ocorre quando açúcares redutores reagem não enzimaticamente com grupos amino em proteínas, ácidos nucléicos e lipídios
Essas reações são irreversíveis, resultando no acúmulo de AGEs no sangue e nos tecidos ao longo do tempo. E isso pode estar associado a vários problema de saúde.

Em uma recente revisão publicada em janeiro desse ano, os autores abordam o impacto dos AGEs no intestino, destacando, em especial, quatro problemas:
1. AGEs aumentam inflamação e estresse oxidativo no intestino
2. AGEs aumentam a permeabilidade do intestino
3. AGEs alteram a microbiota intestinal
4. AGEs altera o sistema nervoso entérico

(Referência: Phuong-Nguyen, K.; et al. Nutrients., 15(2): 405, 2023. Doi: 10.3390/nu15020405)

Vale destacar que esses AGEs podem ser produzidos no nosso corpo ou ingeridos via alimentação.

Você sabe onde encontramos esses AGEs?? Não? No próximo post eu falo mais deles para vocês.

Eixo Intestino-Cérebro e Depressão

Nos últimos anos inúmeras pesquisas apontam sobre a relação entre o intestino e o cérebro, no que chamamos de eixo intestino-cérebro ou eixo microbiota-intestino-cérebro. 🧠

👉🏻O intestino e o cérebro podem se comunicar por pelo menos 8 formas diferentes. E quando um desses órgão não está funcionando bem, o outros pode ser afetado.

📚Um exemplo disso são pessoas com sintomas depressivos. Inúmeros estudos evidenciam que pacientes com depressão possuem alteração na microbiota intestinal (chamada de disbiose).

👉🏻Por outro lado, modular o intestino pode ajudar a melhorar os sintomas depressivos. Já temos vários estudos que sugerem que o uso de probióticos podem melhorar o humor.

👉🏻Porém, vale destacar que o uso de probióticos não é a única forma de modular o intestino. Além disso, o uso de probióticos entra como um aliado para a melhora dos sintomas. Outras estratégias nutricionais também são importantes. Além disso, se o pessoa tiver a doença diagnosticada, também é importante consultar um psicólogo e um psiquiatra. O tratamento em conjunto sempre da mais resultados. 💚🥰

Intestino e Parkinson

A relação entre intestino e doença de Parkinson é muito estudada. Disbiose, constipação e aumento de permeabilidade intestinal são coisas comuns de acontecer em pessoas com Parkinson. Por outro lado, o receptor GPR109A que, dentre outros locais, está presente no intestino, ajuda a aumentar as tight junctions, impedindo o aumento de permeabilidade intestinal. Mas você sabe o que o butirato e a vitamina B3 tem a ver com isso? Os autores desse artigo de 2021 colocam que tanto o butirato quanto a vitamina B3 podem auxiliar na ativação do receptor GPR109A, melhorando a permeabilidade do intestino. A B3 também ajuda na diminuição da inflamação e melhora a função da mitocôndria. Além disso, os autores destacam que, se o paciente com Parkinson utilizar a medicação carbidopa, existe risco de deficiência de vitamina B3. Assim, avaliar o funcionamento intestinal, aumentar o consumo de fibras prebióticas (para aumentar a produção de butirato) e avaliar se a suplementação de vitamina B3 é necessária, são algumas das estratégias que podem ser pensadas na doença de Parkinson. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Dieta e intestino

As doenças inflamatórias intestinais (DII) como colite ulcerativa e doença de Crohn são caracterizadas por inflamação crônica recorrente e remitente do trato gastrointestinal. Uma das questões que age direto no intestino é a alimentação. Alguns alimentos podem impactar de forma benéfica, enquanto outros podem ser prejudiciais. Nessa revisão agora de 2021 os autores abordam justamente sobre isso. Os autores colocam 3 principais mecanismos de ação pela qual a alimentação pode impactar nas DII: modulam a microbiota, influenciam na permeabilidade e funcionamento intestinal e modulam o sistema imune. Dos alimentos ou estratégias que trazem benefícios, os autores dão destaque para: aumento de fibras, alimentos com ômega-3, alimentos com vitamina D, alimentos com zinco. Além disso, uma dieta com baixo FODMAP parece ajudar no alívio de sintomas. Por outro lado, os autores também citam alguns alimentos que parecem piorar DII como: açúcares e refrigerantes, alta ingestão de ômega-6 e gordura saturada, emulsificantes (aditivos alimentares que melhoram textura dos alimentos industrializados), glúten e excesso de carnes vermelhas. Porém, vale lembrar que mais estudos são necessários e que individualidade é muito importante. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Dieta do mediterrâneo e microbiota

Vários estudos demonstram que microbiota intestinal está correlacionada com um status de saúde. Além disso, já é bem estabelecido que hábitos alimentares conseguem impactar, de forma direta, nessa microbiota intestinal. Nessa publicação agora de 2021, os autores revisaram sobre o impacto da dieta do mediterrâneo na microbiota intestinal. A dieta do mediterrâneo é caracterizada por uma alta ingestão de frutas e verduras, azeite de oliva, grão integrais, sementes, oleaginosas e especiarias. Por outro lado, esse estilo de dieta tem uma baixa ingestão de carne vermelha, grão refinados, açúcares e alimentos industrializados. Por conta desse perfil de alimentos, essa dieta proporciona uma alta ingestão de polifenóis, fibras, ácidos graxos monoinsaturados e ômega-3. Dentre vários benefícios que isso pode trazer para a saúde, esse artigo desse ano coloca que esse padrão alimentar ajuda a aumentar a diversidade do microbioma intestinal, melhorando a homeostase do intestino, diminuindo disbiose intestinal e diminuindo a hiperpermeabilidade intestinal. Tudo isso contribuiu para gerar menos inflamação e estresse oxidativo no organismo, melhorar funções metabólicas, contribuindo assim para um menor risco de doenças crônicas não transmissíveis. Vale lembrar que o Brasil não é um país que fica na região do mediterrâneo, então, algumas adaptações podem ser feitas. Por isso, procure um nutricionista para orientá-lo melhor.

Microbiota e longevidade

O envelhecimento é determinado por uma interação complexa entre fatores ambientais e genéticos. Cada vez mais evidências sugerem que o microbioma intestinal está no centro de muitas mudanças associadas à idade, incluindo desregulação do sistema imunológico e suscetibilidade à doenças. E foi isso que essa revisão de 2020 abordou: a relação entre microbioma, envelhecimento e longevidade. Depois de avaliar 27 estudos, os autores colocam que o envelhecimento pode estar associado à alteração na microbiota intestinal e sugerem que a longevidade pode estar caracterizada por um aumento na flexibilidade e estabilidade da microbiota intestinal. Além disso, os autores também colocam que a microbiota intestinal pode, por vários mecanismos, interagir com vias metabólicas, influenciando em processos relacionados ao envelhecimento. Por fim, lembre-se que a alimentação é um dos fatores que pode modular a microbiota. Procure um Nutricionista para orientá-lo melhor!

Dieta e artrite reumatoide

A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica. Ela é caracterizada por edema articular, sensibilidade articular, destruição das articulações sinoviais e inflamação sistêmica, causando, em última análise, incapacidade grave e maior risco de mortalidade prematura. Das estratégias não farmacológicas que estão sendo estudadas, podemos destacar a alimentação. Nessa revisão de 2020 os autores avaliaram o impacto da alimentação na inflamação e no intestino e esses efeitos na artrite reumatoide. Os autores colocam que uma dieta rica em ômega-3, polifenois, fibras e probióticos ajudam a diminuir a inflamação sistêmica e a modular a microbiota, ajudando a melhorar a função barreira do intestino. Isso por sua vez, pode ajudar a diminui alguns sintomas da artrite reumatoide. Porém, mais estudos ainda são necessários. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!