Exercício físico pode melhorar a microbiota intestinal

Luana Manosso (3)

A manutenção da microbiota intestinal é muito importante para a manutenção da saúde.

E vários fatores podem impactar na microbiota, incluindo alimentação e exercício físico.

Hoje compartilho uma recente meta-análise, publicada agora de abril de 2024 que evidenciou que realizar atividade física aumenta a alfa-diversidade da microbiota intestinal de adultos.

Além disso, aumentou Firmicutes e diminuiu Bacteroidetes. De modo interessante, o estudo também evidenciou maiores respostas nas mulheres e em adultos mais velhos.

Porém, vale destacar que a intensidade do exercício pode impactar nesses resultados. Atletas que possuem um alto volume de treinamento tendem a ter mais sintomas gastrointestinais.

(Referência: Min, L.; et al. Nutrients., 16(7), 1070, 2024. Doi: 10.3390/nu16071070).

Cronodisrupção e eixo microbiota-intestino-cérebro

luana cronodisrupcao

Os ritmos circadianos são oscilações fisiológicas e comportamentais apresentadas pelos seres vivos em intervalos periódicos de aproximadamente 24 horas. Por outro lado, a cronodisrupção é definida como a interrupção dos ritmos circadianos por longos períodos.

Diversos estudos mostram a relação da cronodisrupção com vários problemas e doenças. Nessa revisão publicada final de fevereiro deste ano, os autores abordam a relação da cronodisrupção com o eixo microbiota-intestino-cérebro.

Na parte A da figura temos uma situação de eubiose, temos uma a microbiota intestinal saudável, que apresenta oscilações circadianas mediadas pelo eixo intestino-cérebro. Na parte B da figura, em condições de cronodisrupção, a relação bidirecional é alterada por fatores externos como maus hábitos alimentares ou consumo de drogas, além de toxinas e microorganismos patogênicos, modificando a permeabilidade intestinal, exacerbando a disbiose, aumentando inflamação e gerando vários problemas em decorrência da relação microbiota-intestino-cérebro.

 

Probióticos e saúde mental

Já fiz vários postes sobre a importância do eixo microbiota-intestino-cérebro para a saúde cerebral. Hoje, trago um estudo clínico publicado agora esse ano que avaliou os efeitos da suplementação com probióticos na saúde mental de adultos saudáveis. Para o estudo, 156 adultos foram separados em dois grupos: um grupo recebeu placebo e outro grupo recebeu probióticos (2 bilhões de UFC de Lactobacillus reuteri NK33 e 0,5 bilhão de Bifidobacterium adolescentes NK98) por 8 semanas. Após esse período, foi observado que as pessoas que ingeriram os probióticos diminuíram sintomas de depressão, ansiedade e insônia. Além disso, houve uma diminuição nos níveis de interleucina-6 (IL-6) no sangue, demostrando uma diminuição de inflamação. De modo interessante, também foi observado que as pessoas que ingeriram os probióticos tiveram mudanças na microbiota intestinal. Ou seja, probióticos auxiliaram na melhora da saúde mental em indivíduos saudáveis. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

COVID-19 e cérebro

Hoje o artigo é especial! Isso porque foi escrito por mim e outros excelentes pesquisadores. Nessa revisão que acabou de ser publicada nós abordamos o impacto do SARS-CoV-2 na microbiota intestinal e a relação disso com a comunicação entre o intestino-cérebro. Estudos clínicos têm evidenciado que pacientes com COVID-19 possuem alteração na microbiota intestinal, além de um aumento de citocinas inflamatórias. Essa alteração da microbiota e o aumento de inflamação podem, pelo menos em parte, alterar a comunicação que existe entre o intestino e o cérebro e começar a gerar inflamação cerebral. Esse aumento de inflamação, por sua vez, pode contribuir para o aparecimento de sintomas neuropsiquiátricos, como ansiedade, sintomas depressivos e alteração de sono. Com base nisso, nós sugerimos que o uso de probióticos poderiam ser interessantes pensando em modular a microbiota intestinal e diminuir a inflamação. Entretanto, ainda são necessários estudos clínicos para avaliar o efeito dos probióticos em pacientes com COVID-19 e se esse tratamento repercutiria em melhorar de sintomas neuropsiquiátricos.

Leguminosas e DCV

Doenças cardiovasculares (DCV) são muito prevalentes e uma das principais responsáveis por mortes do mundo. Essas doenças sofrem muita influência da alimentação. Nenhum alimento específico faz “milagre” e resolverá todos os problemas, por isso, é bem importante ter um padrão alimentar saudável. Mas, dentro desse padrão alimentar, podemos citar alguns alimentos. Nessa revisão agora de 2021, os autores abordam o papel das leguminosas (ex: feijão, ervilha, grão de bico, etc) no que tange aspectos envolvidos com essas doenças cardiometabólicas. Essas leguminosas possuem macronutrientes (carboidratos, fibras, proteínas e lipídeos), além de micronutrientes (ex: ferro, cálcio, zinco, folato, etc) e fitoquímicos. Em conjunto, isso pode ajudar a diminuir obesidade, controlar glicemia, diminuir inflamação e melhorar a saúde intestinal e a microbiota. Tudo isso poderia contribuir para diminuir o risco de doenças cardiometabólicas. Mas mais uma vez, não adianta comer leguminosa e o resto da alimentação ser ruim. Por isso, procure um Nutricionista para orientá-lo melhor!

Dieta do mediterrâneo e microbiota

Vários estudos demonstram que microbiota intestinal está correlacionada com um status de saúde. Além disso, já é bem estabelecido que hábitos alimentares conseguem impactar, de forma direta, nessa microbiota intestinal. Nessa publicação agora de 2021, os autores revisaram sobre o impacto da dieta do mediterrâneo na microbiota intestinal. A dieta do mediterrâneo é caracterizada por uma alta ingestão de frutas e verduras, azeite de oliva, grão integrais, sementes, oleaginosas e especiarias. Por outro lado, esse estilo de dieta tem uma baixa ingestão de carne vermelha, grão refinados, açúcares e alimentos industrializados. Por conta desse perfil de alimentos, essa dieta proporciona uma alta ingestão de polifenóis, fibras, ácidos graxos monoinsaturados e ômega-3. Dentre vários benefícios que isso pode trazer para a saúde, esse artigo desse ano coloca que esse padrão alimentar ajuda a aumentar a diversidade do microbioma intestinal, melhorando a homeostase do intestino, diminuindo disbiose intestinal e diminuindo a hiperpermeabilidade intestinal. Tudo isso contribuiu para gerar menos inflamação e estresse oxidativo no organismo, melhorar funções metabólicas, contribuindo assim para um menor risco de doenças crônicas não transmissíveis. Vale lembrar que o Brasil não é um país que fica na região do mediterrâneo, então, algumas adaptações podem ser feitas. Por isso, procure um nutricionista para orientá-lo melhor.

Microbiota e longevidade

O envelhecimento é determinado por uma interação complexa entre fatores ambientais e genéticos. Cada vez mais evidências sugerem que o microbioma intestinal está no centro de muitas mudanças associadas à idade, incluindo desregulação do sistema imunológico e suscetibilidade à doenças. E foi isso que essa revisão de 2020 abordou: a relação entre microbioma, envelhecimento e longevidade. Depois de avaliar 27 estudos, os autores colocam que o envelhecimento pode estar associado à alteração na microbiota intestinal e sugerem que a longevidade pode estar caracterizada por um aumento na flexibilidade e estabilidade da microbiota intestinal. Além disso, os autores também colocam que a microbiota intestinal pode, por vários mecanismos, interagir com vias metabólicas, influenciando em processos relacionados ao envelhecimento. Por fim, lembre-se que a alimentação é um dos fatores que pode modular a microbiota. Procure um Nutricionista para orientá-lo melhor!

Microbiota e anorexia

A anorexia nervosa é uma combinação de baixo peso corporal, distorção de imagem corporal e medo de ganhar peso. Esse problema gera consequências somáticas e endócrinas graves, incluindo amenorreia (falta de menstruação), baixa leptina, baixo hormônio tireoidiano, aumento de cortisol, etc. Embora várias questões podem estar associadas à anorexia nervosa, estudos recentes têm investigado o papel da microbiota intestinal. E é justamente sobre isso que essa revisão de 2020 aborda. A microbiota intestinal influencia em efeitos somáticos, como extração de energia dos alimentos e ganho de peso corporal, bem como no apetite, permeabilidade intestinal, inflamação e comportamentos psicológicos como depressão e ansiedade, todos os quais desempenham papéis importantes na anorexia nervosa. Por outro lado, a restrição nutricional e a alimentação seletiva dos pacientes com anorexia nervosa também acaba por influenciar na microbiota intestinal, já que a nutrição tem um papel importantíssimo na modulação do intestino e da microbiota. Ou seja, acaba virando um “ciclo vicioso”. Por esse motivo, algumas pesquisas estão investigando o papel de suplementos nutricionais que poderiam modular a microbiota, como o ômega-3, como uma estratégia para auxiliar no tratamento da anorexia nervosa. Porém, mais estudos ainda são necessários. Por isso, procure por um bom nutricionista para avaliar seu caso.

Curcumina e intestino

A curcumina é o principal curcuminoide presente no rizoma da Curcuma longa, conhecido como açafrão da terra. Vários estudos têm demonstrado que a curcumina pode trazer benefícios a saúde, incluindo reduzir depressão, ansiedade, prevenir doenças neurodegenerativas, diabetes, entre outras. Por outro lado, a curcumina possui baixa biodisponibilidade no intestino, o que de certa forma, poderia nos deixar intrigados da quantidade de efeitos que ela causa no corpo. Porém, o que muitos autores estão sugerindo, é que parte dos efeitos sistêmicos da curcumina pode ser por conta das suas ações no intestino. No intestino, a curcumina possui 3 funções de maior destaque: ela modula a microbiota intestinal, melhora a barreia do intestino e diminui citocinas inflamatórias. Essas três funções, por diversos mecanismos, poderiam influenciar em vários órgãos do nosso corpo, justificando parte das ações na curcumina. OBS: embora a curcumina tenha baixa biodisponibilidade, ela pode sim ser absorvida e também agir de forma direta em outros órgãos do nosso corpo. Procure seu nutricionista para orientá-lo melhor.

Cacau e microbiota

Se você me acompanha, deve lembrar que eu já coloquei vários estudos mostrando benefícios do cacau. O cacau tem sido estudado para benefícios para o cérebro, coração, pele, entre outros. Mas você sabia que o cacau parece conseguir modular a microbiota do intestino? Nessa revisão publicada agora em 2020 os autores colocam vários artigos pré-clínicos e clínicos que sugerem benefícios do cacau a nível de intestino. Um dos efeitos do cacau é modular algumas bactérias intestinais. Vários estudos demostram sua capacidade em aumentar os Lactobacillus e Bifidobacterium, que são gêneros que bactérias que costumam trazer benefícios para a saúde. Além disso, o cacau parece diminuir cepas patogênicas como a Clostridium. Vale destacar também que a microbiota intestinal consegue metabolizar os flavonoides do cacau, formando substâncias mais bioativas, o que pode contribuir para os efeitos sistêmicos do cacau. Não sabe como e quanto introduzir de cacau na dieta? Procure seu Nutricionista.