Tireoide e intestino

Hoje não temos mais dúvidas de que o funcionamento adequado do intestino e uma microbiota intestinal saudável influenciam no funcionamento de vários órgãos. Mas você sabia que um desses órgãos é a tireoide? Essa revisão de 2020 aborda justamente essa conexão. O primeiro ponto que sugere essa ligação é a coexistência entre doenças intestinais e doenças tireoidianas. Além disso, hoje já temos alguns estudos sugerindo que o uso de probióticos podem trazer benefício para a saúde da tireoide. Dentre os possíveis mecanismos dessa comunicação entre intestino e tireoide, os autores destacam:

(1) o intestino pode influenciar na modulação do sistema imunológico, e isso pode influenciar na tireoide (já que algumas doenças da tireoide são doenças autoimunes);

(2) na presença de disbiose, ocorre aumento de permeabilidade, aumentando inflamação, que pode afetar a tireoide;

(3) o intestino é importante para absorver nutrientes que vão permitir o correto funcionamento da tireoide.

Ou seja, modular o intestino pode sim trazer impactos positivos para a tireoide. E uma das formas mais importante para modularmos o intestino é através da alimentação. Por isso, procure seu nutricionista.

Enxaqueca e intestino

Para finalizar o mês falando de cérebro, hoje trouxe um artigo de enxaqueca. Essa revisão mostra a relação da enxaqueca com o intestino. Os autores abordam vários mecanismos pelos quais o intestino inadequado poderia influenciar na enxaqueca, incluindo: aumento de inflamação, alteração de neurotransmissores e neuropeptídios, alteração de cortisol, alteração na “mensagem” passada via nervo vago, etc. Além disso, os autores discutem sobre opções de tratamento pensando nessa comunicação entre intestino e cérebro. Eles colocam, por exemplo, melhorar a função do intestino dando alimentos com mais fibras e com ômega-3, suplementando probióticos e vitamina D e também comentam sobre a possibilidade de uma dieta sem glúten. Mas lembre-se, individualidade é MUITO importante. Apenas um profissional competente e atualizado vai avaliar qual a melhor estratégia a ser utilizada!

Microbioma e gestação

Essa semana vamos falar sobre o papel da microbiota intestinal em duas situações diferentes. Hoje, trago essa revisão publicada agora em 2020 falando sobre o papel do microbioma durante a gestação. A gravidez induz várias alterações imunológicas, hormonais e metabólicas, necessárias para a mãe adaptar seu corpo a essa nova situação fisiológica. Mas você sabia que também ocorrem mudanças no microbioma dessas mulheres? Conforme as semanas gestacionais vão passando, vão ocorrendo mudanças no microbioma vaginal, oral e intestinal da gestante, Hoje também já temos estudos demonstrando que a placenta também tem microbiota e que ocorre colonização fetal ainda na gestação.  Assim, o microbioma da mãe, da placenta e do feto influenciam no crescimento do feto e, sem dúvida, desempenham um papel importante no desenvolvimento adequado do recém-nascido, além de ser importante para modulação de questões de saúde/doença na mãe e no bebê. Embora mais estudos ainda sejam necessários, modular o microbioma parece ser importante. E um nutricionista pode ajuda-lo. Procure o seu.

 

Esteatose hepática e microbiota

A esteatose hepática não alcoólica é definida como um acúmulo de gordura no fígado. Questões de estilo de vida tem um papel muito importante nessa doença, incluindo exercício físico e alimentação. Além disso, vários estudos tem sugerido o envolvimento da microbiota intestinal na saúde hepática. Por um lado, a disbiose intestinal parece estar envolvida no desenvolvimento e/ou progressão da esteatose hepática. Por outro lado, diversos estudos utilizando probióticos ou simbióticos (probiótico + prebiótico) demostram benefícios dessas estratégias para o fígado, incluindo diminuição das transaminases, diminuição da inflamação e até mesmo, uma melhora na esteatose hepática. Mas lembre-se, individualidade é MUITO importante. Procure um nutricionista para orientá-lo melhor.

Exercício e microbiota

A relação entre exercício físico e microbiota intestinal é complexa. Tanto o exercício pode influenciar na microbiota, quanto a função intestinal pode influenciar na saúde do atleta e na performance esportiva. Dessa forma, estudos investigando o papel da modulação da microbiota intestinal em atletas tem aumentado nos últimos anos. Essa revisão publicada esse ano discute justamente sobre isso. Os autores colocam que diferentes tipos de exercícios podem impactar na quantidade e variedade das bactérias intestinais. No caso de atletas, com alto grau de treinamento, existe risco maior de inflamação e disfunção na permeabilidade intestinal. Por outro lado, alguns estudos já demonstram que o uso de probióticos pode ajudar a diminuir esses sintomas, contribuindo para a saúde do atleta. Porém, ainda são necessários mais estudos para propor alguma dose ideal de probiótico e para estipular se existe alguma cepa mais importante do que outra. Mas uma coisa já se sabe, modular o intestino, direta ou indiretamente, vai trazer benefícios para atletas. E existem várias estratégias para fazer essa modulação intestinal. Procure um nutricionista para orientá-lo melhor.

Simbiótico e SOP

Se você me acompanha já sabe que a alimentação pode influenciar na síndrome do ovário policístico (SOP). Além da alimentação, a microbiota intestinal também é muito importante. Nesse estudo publicado em 2019, os autores resolveram comparar 4 estratégias nutricionais em mulheres com SOP: 1) suco de romã + simbiótico; 2) suco de romã; 3) bebida simbiótica; 4) suco controle. Vale destacar que o simbiótico tinha: 3 cepas de probióticos com 108 UFC/mL e 20 g inulina/L. Cada grupo ingeriu 2 litros da bebida por semana, durante 8 semanas. Após esse período, os autores analisaram os efeitos das bebidas em vários parâmetros relacionados com a SOP. O que deu diferença significativa foi na melhora da resistência à insulina, diminuição da testosterona total, do peso e da circunferência da cincutura em dois grupos: no grupo que associou suco de romã com o simbiótico e no grupo que tomou apenas a bebida simbiótica. Ou seja, a modulação do intestino com probiótico e prebiótico já foi suficiente para melhorar alguns dos parâmetros envolvidos na SOP. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Microbiota e autismo

Nós últimos anos tem surgido alguns estudos que sugerem que uma alteração na microbiota intestinal pode ser um dos fatores envolvidos no desenvolvimento do transtorno de espectro autista (TEA). Além disso, vários estudos mostram uma associação entre alteração da microbiota intestinal e sintomas neurocomportamentais em crianças com TEA. Pensando nisso, estudos tem investigado o papel da utilização de probióticos nessas crianças. Nessa revisão de 2019 os autores abordam a presença de disbiose em crianças com TEA e colocam que dentre vários mecanismos que podem estar associados com essa relação entre o intestino e o cérebro, o papel da inflamação, alteração na via da serotonina e alteração na formação de ácidos graxos de cadeia curta, que ocorre em situações de disbiose intestinal, são uns dos principais responsáveis por gerar alteração no cérebro de crianças com TEA. Além disso, os autores colocam que o uso de probióticos, em especial múltiplas cepas (incluindo Lactobacillus, Bifidobacterium e Coccus), pode ser uma estratégia interessante para auxiliar na melhora dos sintomas neurocomportamentais e alterações intestinais nas crianças com TEA. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Brócolis e microbiota

Vegetais crucíferos, também chamados de brássicas, como o brócolis, são uma boa fonte de fibra dietética, fitoquímicos e nutrientes, incluindo os glucosinolatos, que podem ser metabolizados pela microbiota gastrointestinal. Este estudo de 2019 teve como objetivo determinar o impacto do consumo de brócolis na microbiota gastrointestinal de adultos saudáveis. O período de tratamento foi de 18 dias separados por um washout de 24 dias. Os participantes receberam 200 g de brócolis cozido ou 20 g de rabanete cru por dia. Após análises, o consumo de brócolis diminuiu a abundância relativa de Firmicutes em 9% em relação ao controle e aumentou a abundância relativa de Bacteroidetes em 10% e de Bacteroides em 8% em relação ao controle.  E nunca esqueça que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista!

Probiótico e cognição

Se você me acompanha, sabe que já coloquei vários estudos falando da relação entre o intestino e o cérebro. Agora em 2019, autores Japoneses publicaram um estudo realizado com idosos com prejuízo cognitivo leve e que receberam probióticos. Esses idosos receberam Bifidobacterium breve por 24 semanas e, após os testes, observou-se uma melhora da cognição nesses indivíduos. Mas vale destacar que o estudo foi com um número pequeno de pacientes e que mais estudos ainda são necessários. Porém, uma coisa é fato, a relação entre o intestino e o cérebro está cada vez mais clara! Assim, procure um profissional para orientá-lo melhor.

 

Aditivo alimentar e intestino

Já falei várias vezes sobre a importância de ter um intestino funcionando bem e uma microbiota adequada. Mas você sabia que os aditivos alimentares (presentes na maioria dos produtos industrializados) podem influenciar no intestino? Essa revisão de 2018 aborta justamente isso. Os autores colocam que os aditivos alimentares, em especial os espessantes, podem piorar a microbiota intestinal, aumentar a inflamação e aumentar a permeabilidade intestinal. E, com o intestino alterado, pode-se piorar várias funções do organismo e aumentar o risco de vários sintomas, como compulsão alimentar. Sobre esse ponto, alguns estudos já sugerem que o alto consumo de aditivos alimentares podem alterar peptídeos cerebrais relacionados com o controle da fome e saciedade. Ou seja, quanto mais alimento in natura você consumir e menos industrializado, melhor. Procure um nutricionista para orientá-lo melhor.