Intestino e fígado

O bom funcionamento intestinal e uma microbiota intestinal adequada são dois pontos que influenciam em vários órgãos, incluindo o fígado. De forma bem interessante, esse estudo de 2018 avaliou a relação da microbiota intestinal com marcadores envolvidos da cirrose hepática e hepatite. Primeiros os autores demonstraram que o número de Enterobacteriaceae, Enterococcus, Staphylococcus aureus e Saccharomyces estavam aumentados em pacientes com cirrose hepática e hepatite. Por outro lado, esses pacientes tinham níveis diminuídos de Lactobacillus, Bacteroides, Bifidobacterium e Clostridium. Além disso eles também observaram que os níveis de IL-17 estavam aumentados e de vitamina D diminuídos em pacientes. De forma interessante, os autores também demostraram algumas associações nos pacientes com cirrose hepática:

Enterobacteriaceae correlacionou-se positivamente com o tempo de protrombina;

Enterococcus correlacionou-se positivamente com os níveis de alanina aminotransferase e aspartato aminotransferase;

Bifidobacterium correlacionou-se negativamente com a aspartato aminotransferase e fosfatase alcalina;

Bacteroides correlacionou-se negativamente com o nível de aspartato aminotransferase e com o tempo de protrombina.

Ou seja, a microbiota intestinal pode influenciar no funcionamento hepático. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Intestino e TDAH

Inúmeros estudos mostram a relação bidirecional entre intestino e cérebro. O funcionamento do intestino e a microbiota influenciam tanto no neurodesenvolvimento quanto em várias funções no cérebro adulto. Nesse estudo publicado agora esse ano, os autores avaliaram a microbiota de crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e associaram com os sintomas que essas crianças possuíam. E sabe o que eles demonstraram? Que as crianças com TDAH tinham menos Faecalibacterium (uma bactérias comensal do intestino) do que crianças sem TDAH. Além disso, em crianças com TDAH, o aumento de Faecalibacterium era associado com menos sintomas déficit de atenção e hiperatividade. Ou seja, a modulação da microbiota intestinal pode influenciar em sintomas neurológicos. Não sabe o que fazer para melhorar o intestino e a microbiota? Procure por um bom nutricionista! Ele saberá orientá-lo.

FODMAP e intestino

Ano passado já mencionei sobre dieta com pouco FODMAP auxiliando na melhora dos sintomas de síndrome do intestino irritável (SII). Esse ano, foi publicado essa meta-análise, em que foram analisados 9 estudos avaliando o efeito da dieta com pouco FODMAP em pacientes com SII. Após análises, foi confirmado que uma dieta com pouco FODMAP diminui os sintomas gastrointestinais associados à síndrome do intestino irritável, diminui dores abdominais e melhora qualidade de vida. Entretanto, 3 estudos evidenciaram que uma dieta com pouco FODMAP pode diminuir o conteúdo de bifidobacteria, o que não seria interessante. Além disso, os autores colocam a necessidade de avaliar esse tipo de dieta a longo prazo. Lembre-se, individualidade é MUITO importante. Um profissional competente e atualizado vai avaliar qual a melhor estratégia a ser utilizada com você!

Intestino e doenças neurodegenerativas

Não é novidade aqui no Nutrir com Ciência o papel da microbiota em vários outros órgãos do corpo. E, cada vez mais, estuda-se a relação do intestino em doenças neurológicas. Nessa revisão publicada esse ano os autores abordam 3 principais mecanismos básicos que medeiam a comunicação entre intestino e cérebro:

1)      Comunicação neuronal direta

2)      Mediadores endócrinos

3)      Sistema imunológico

Os autores colocam que esses 3 pontos criam uma rede de comunicação molecular que pode influenciar no desenvolvimento da doença de Alzheimer, doença de Parkinson e da Esclerose Lateral Amiotrófica. Dessa forma, os autores concluem que o uso de probióticos pode auxiliar na prevenção e no tratamento de doenças neurodegenerativas. Procure seu Nutricionista para personalizar sua dieta em prol de melhorar o intestino e avaliar a necessidade de suplementação de probióticos!

Probióticos

Já falamos várias vezes aqui no Nutrir com Ciência a importância da saúde intestinal para a saúde humana. Uma das formas de melhorar a saúde intestinal é a suplementação com probióticos. Nessa publicação de abril de 2017, os autores concluem que o uso diário de probióticos é seguro e que vai muito além da saúde intestinal e da melhora do sistema imunológico. Dentre os outros vários benefícios que os probióticos podem proporcionar, destacam-se:

  • Melhora da síndrome metabólica, auxiliando na melhora/prevenção da obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares;
  • Melhora e prevenção de doenças neuropsiquiátricas;
  • Possível ação anticâncer e antimutagênica.

Procure um nutricionista para avaliar a sua necessidade de prescrição de probióticos!

O segundo cérebro

O intestino é o centro da homeostase, ou seja, um órgão de extrema importância para o funcionamento e equilíbrio do organismo. Entretanto, sua atuação vai além da absorção e excreção, reflete, inclusive, na produção de hormônios e enzimas, valendo a observação que aproximadamente 80% do nosso potencial de imunidade se concentra na mucosa do intestino.

Sendo assim, a relação do intestino com o desempenho cerebral e imunológico é direta. Uma mucosa intestinal íntegra garante uma reprodução adequada das bactérias benéficas, o que reflete em uma e melhor absorção de nutrientes e eliminação de toxinas. Caso isto não aconteça o intestino torna-se permeável e extremamente vulnerável à alergias, enxaqueca, obesidade, diabetes e até mesmo ao câncer, ou simplesmente aqueles sintomas comuns da vida moderna: estresse, ansiedade, alteração de humor, depressão e prejuízo no sono.

Hoje já se sabe que há mais bactérias que compõem nossa flora intestinal do que células no organismo como um todo (são em torno de 100 trilhões). Por isso a importância de uma microbiota saudável, visto que esta interage com o cérebro, sendo capaz de modular neurotransmissores e citocinas inflamatórias, causando as alterações já citadas e outras mais, além de seu papel nas funções intestinais. Tampouco fica evidente o papel da alimentação e estilo de vida neste eixo, ou seja, devemos considerar os seguintes fatores vantajosos e perigosos :

Fatores vantajosos:

  • Consumo adequado de água;
  • Presença de fibras solúveis e insolúveis;
  • Mastigação;
  • Antioxidantes;
  • Atividade física;

Fatores perigosos:

  • Excesso de açúcares e carboidratos refinados;
  • Excesso de proteína animal, principalmente carnes vermelhas;
  • Xenobióticos e Alérgenos alimentares;
  • Desequilíbrio de vitaminas e minerais;

Em função destas considerações, você já conversou sobre seu tempo de trânsito intestinal com sua nutricionista? Já avaliaram a escala de Bristol? Será que sua saúde intestinal está refletindo em seu estado imunológico? Será que assim você não fica mais suscetível à infecções? E o mais importante: será que sua alimentação contribui para essa reação em cadeia? Estas dúvidas devem ser esclarecidas por um profissional capacitado. Cuide de sua saúde!

Por: Bruna Deolindo Izidro

Probióticos e Inflamação

Já falamos aqui no Nutrir com Ciência da importância das bactérias intestinais para a saúde humana. Os probióticos são microorganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, trazem benefício a saúde o homem através do seu impacto no trato digestivo. Nesse meta-análise publicada em 2017 foi avaliado o efeito dos probióticos em marcadores de inflamação como a proteína C-reativa (PCR), interleucina-10 (IL-10) e fator de necrose tumoral-α (TNF-α). De 425 estudos identificados, 20 foram incluídos na meta-análise. Os resultados da meta-análise mostraram que a administração de probióticos consegue diminuir os níveis de PCR. Entretanto, em relação aos níveis de IL-10 e TNF-α, a meta-análise não mostrou efeito benéfico dos probióticos. Vale lembrar que, os benefícios dos probióticos são muito mais abrangentes! Leia nossas outras publicações para entender mais! E nunca se esqueça, procure um nutricionista para avaliar se você precisa ou não de probióticos e quais as cepas mais interessantes para você.

Grãos integrais e microbiota intestinal

Sabemos que o desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e câncer, está relacionado com o aumento na produção de marcadores de inflamação. Estudos observacionais recentes tem feito uma associação inversa com o consumo de grãos integrais e inflamação a partir da modulação da microbiota intestinal. Sabendo disso, este artigo publicado em fevereiro de 2017, avaliou o consumo de grãos integrais em 49 homens e 32 mulheres. O desenho experimental desse estudo se deu da seguinte forma: os participantes foram submetidos a uma dieta ocidental (composta por carne vermelha, carboidratos simples, alimentos processados, pouca ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais e peixes) durante 2 semanas e após esse período os participantes foram divididos em um grupo que recebeu uma dieta com grãos refinados e outro que recebeu uma dieta com grãos integrais durante 6 semanas. Os autores concluíram que o consumo de grãos integrais proporcionou um efeito positivo na microbiota intestinal e na produção de ácidos graxos de cadeia curta. Mas antes de aplicar esses dados na sua rotina, procure um nutricionista!!!

Microbiota e Cérebro

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A microbiota intestinal é composta por microorganismos suficientes para representar 10x mais o número de células presentes no corpo humano, e um genoma 150x maior que o genoma humano! E esta microbiota é relacionada com a modulação da saúde humana, participando principalmente na manutenção de alterações relacionadas à Síndrome Metabólica, e recentemente aceita como um potencial modulador do comportamento humano. Nesta publicação de 2016, os autores esclareceram esta relação a partir da capacidade de modulação do eixo HPA (Hipotálamo-hipófise-adrenal) e de neurotransmissores (como adrenalina, serotonina e GABA), além da modulação da expressão gênica de proteínas que modificam padrões comportamentais (BDNF, receptores NMDA e receptores de serotonina). Sabendo disso, torna-se essencial a manutenção de uma microbiota saudável, sendo que, conforme os resultados dessa publicação, existe relação direta e indireta com a modulação de distúrbios como depressão, ansiedade e transtorno de personalidade! Vale destacar que outros mecanismos sobre como o intestino e o cérebro se correlacionam também tem sido estudados. Ressalta-se que, como já mencionado aqui no Nutrir com Ciência, a dieta pode influenciar na microbiota intestinal. Procure um nutricionista para melhor lhe orientar.