O número de pessoas fazendo Crossfit só aumenta. Associado a isso, vários tipos de dieta estão sugeridas para melhorar o desempenho nos treinos d/ou diminuir o percentual de gordura. Uma dessas estratégias é a dieta low carb – com baixa ingestão de carboidrato (CHO). Mas será que esse tipo de dieta pode ser feita por tempo indeterminado? Será que isso não atrapalha o desempenho do treino? Esse artigo de 2016 demonstrou que um dieta com menos de 6 g CHO/Kg de peso por até 6 dias não piorou o desempenho/performance dos atletas de CROSSFIT. Entretanto, do 6º ao 9º dia, os atletas que aumentaram o consumo de carboidrato para 6-8 g CHO/Kg de peso, aumentaram o número de repetições no 9º dia quando comparado com quem manteve uma ingestão de menos de 6g CHO/Kg de peso. Ou seja, uma dieta low carb pode sim ser realizada, entretanto, com o acompanhamento de um nutricionista para avaliar por quanto tempo o atleta pode manter esse tipo de dieta levando em consideração a individualidade de cada um, bem como a fase de treinamento que a pessoa está.
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Vitamina D e insulina
A manutenção dos níveis plasmáticos de vitamina D tem sido relacionada com vários efeitos benéficos a saúde, como modulação imunológica, regulação da pressão arterial sistêmica, e controle glicêmico. Estes efeitos extra esqueléticos da vitamina D ocorrem pois há receptores de vitamina D (VDR) distribuídos em várias células, em diferentes órgãos do nosso corpo. Sabendo disso, alguns pesquisadores observaram a manutenção sazonal da glicemia de alguns pacientes diabéticos e, relacionaram esse efeito, a manutenção dos níveis plasmáticos da Vitamina D. Atualmente já se sabe que concentrações plasmáticas ideais de vitamina D auxiliam na secreção da insulina e modulam a sensibilidade periférica desse hormônio, fazendo com que ele exerça melhor a sua função. Dessa forma, ter níveis adequados de vitamina D (através de suplementação ou da exposição solar) é importante para a manutenção da glicemia! Vale destacar que a insulina também consegue agir nos rins, estimulando a formação da vitamina D na forma ativa (1,25(OH)2D3). Consulte o seu nutricionista e converse com ele sobre sua concentração plasmática de Vitamina D e se você tem a necessidade de ser suplementado!
Azeite de oliva vs manteiga
O controle da glicemia (glicose/açúcar no sangue) é de extrema importância para a saúde. O aumento da glicemia aumenta o risco de diabetes, de doenças cardiovasculares, entre outras doenças. O aumento da glicemia ocorre, principalmente, pelo consumo de alimentos com carboidratos. Mas estratégias nutricionais podem ajudar a controlar o aumento da glicose induzido pelo carboidrato. Uma dessas estratégias é a utilização de gorduras junto com a refeição. Entretanto, esses dois artigos publicados nesse ano mostraram que o tipo de gordura influencia no controle da glicemia. O primeiro estudo, publicado por Bozzetto e colaboradores, mostrou que quando pacientes com diabetes mellitus tipo 1 consumiam uma refeição com alto índice glicêmico (que aumenta bastante a glicemia) associada com 37 g de azeite de oliva extra virgem, o aumento da glicemia nos primeiros 180 minutos foi menor do que nos pacientes que consumiam a refeição com 43 g de manteiga. Ou seja, o azeite de oliva extra virgem controlou melhor a glicemia do que a manteiga. Mas por que será que isso acontece? No segundo estudo, publicado por Carnevale e colaboradores, foi demonstrado que, em pacientes com glicemia em jejum alterada, a adição de 10 g de azeite de oliva extra virgem junto com a refeição conseguiu diminuir em 20% a glicemia. Além disso, o azeite de oliva extra virgem conseguiu aumentar os níveis de GLP-1, que é uma incretina importante para o controle da glicemia, além de diminuir o apetite e ter efeitos cardioprotetores. Ou seja, adicionar azeite de oliva extra virgem nas principais refeições pode ser uma estratégia interessante para o controle glicêmico e aumento de GLP-1. Vale lembrar que o excesso nunca é interessante. Dessa forma, procure um nutricionista para saber qual a quantidade de azeite ideal para você e como fazer para escolher um bom azeite de oliva.
Brócolis, cocção e armazenamento
Uma das grandes preocupações da atualidade é reduzir o risco das doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer. E hoje já se sabe que com uma alimentação correta isso é possível. Isso porque nos alimentos encontramos substâncias que protegem o nosso DNA, como o sulforafano, encontrado no brócolis (Brassica oleracea var. italica) e em outros alimentos da família das brássicas (ex: couve, couve-flor, couve de bruxelas, nabo, rabanete, etc). Esse efeito protetor do sulforafano ocorre, pelo menos em parte, pela sua capacidade em modular a expressão de genes envolvidos com a defesa celular, como Nrf2. Porém, a maneira como consumimos e armazenamos este alimento, define o quanto aproveitaremos deste benefício. Como demonstrado em uma revisão agora de 2016, o consumo de brócolis cru não representa a maneira mais eficiente de obter as vantagens proporcionadas pelo sulforafano, porém 3 minutos de cozimento se mostrou suficiente para garantir estes benefícios. Além disso, 5 minutos de cozimento em microondas foi suficiente para a perda de 74% da biodisponibilidade deste composto. O armazenamento também pode influenciar na biodisponibilidade do sulforafano. 3 dias em temperatura ambiente, ao ar livre, é o suficiente para resultar em 55% de perda. Por outro lado, o armazenamento em sacos de plástico a 22∘C demora 7 dias para que uma perda similar ocorra. Ou seja, para melhor aproveitar os nutrientes desse vegetal, se precisar armazená-lo, coloque-o em sacos plásticos e consuma-o o quanto antes. E, quando for consumir, opte pelo cozimento no vapor por 3 minutos.
Câncer de mama, bebida alcoólica e fibra
Já que estamos no OUTUBRO ROSA, vamos falar de câncer de mama. Esse câncer sofre grande influência do estilo de vida. Um dos fatores que aumenta o risco de câncer de mama é a ingestão de bebidas alcóolicas. Mas você sabia que a ingestão de fibras pode influenciar nesse risco? Nesse artigo publicado em setembro desse ano, após acompanhar quase 335 mil mulheres por 11 anos, foi demostrado que: a) mulheres com alta ingestão de álcool (> 15g/dia ou > 10 doses por semana) associada a uma menor ingestão de fibra (< 18,5 g/dia) o risco de desenvolver câncer de mama foi de 35%; b) mulheres com alta ingestão de álcool (> 15g/dia ou > 10 doses por semana) associada a uma maior ingestão de fibra (> 18,5 g/dia) o risco de desenvolver câncer de mama foi de 12%; c) mulheres com baixa ingestão de álcool (< 5g/dia ou < 2 doses por semana) associada a uma maior ingestão de fibra (> 18,5 g/dia) o risco de desenvolver câncer de mama foi de 8%. Ou seja, consumir menos álcool e mais fibra diminui o risco de câncer de mama. Mas caso a mulher consuma álcool, a associação de bebida alcoólica com uma dieta rica em fibra, pode diminuir o risco de desenvolver câncer de mama.
Introdução alimentar BLW
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que até o 6º mês de vida o leite materno seja oferecido como fonte exclusiva de alimentação ao bebê. Após esse período, ocorre a introdução da alimentação complementar, e de acordo com a literatura cientifica, essa introdução pode ser feita de diferentes maneiras. Uma delas é a BLW (Baby–led Weaning/ Desmame guiado pelo bebê), em que a criança participa das refeições com a família desde o sexto mês e os pais oferecem os alimentos em pedaços ao alcance do bebê. Segundo publicações recentes sobre a BLW, o grande benefício desse método seria o maior envolvimento da família com as refeições do bebê. Porém, foi observado um aumento no risco de deficiências de ferro, zinco, vitamina B12, e até mesmo de asfixia acidental. Ou seja, existem pontos positivos e negativos. A observação do processo de amadurecimento da mastigação e da deglutição é de extrema importância para garantir a segurança e eficiência da alimentação complementar. Por isso, procure uma nutricionista para avaliar o que é melhor para o seu bebê e como fazer essa introdução da melhor maneira adequada!
Dieta “low carb” e apetite
Muitos pacientes reclamam de fome e compulsão alimentar, o que prejudica o processo de emagrecimento. Dessa forma, é extremamente importante aumentar a saciedade do paciente. O controle da fome e saciedade é controlado por vários mecanismos no nosso cérebro. Um dos principais indutores da fome é um peptídeo chamado neuropeptídeo Y (NPY) e peptídeo relacionado ao gene agoute (AgRP). Por outro lado, o peptídeo YY (PYY), produzido no trato gastrointestinal, age no cérebro diminuindo o NPY/AgRP. Mas você sabia que o PYY pode sofrer influência da dieta? Nesse estudo publicado em junho desse ano, com 148 adultos obesos, foi demonstrado que 12 meses com uma dieta com menos de 40 g de carboidrato por dia diminuiu menos o PYY quando comparado com uma dieta baixa em gordura (com menos de 30% do valor energético total e com menos de 7% de gordura saturada). É importante destacar que essas dietas com redução de carboidrato (conhecidas como “low carb”) tem que ser realizada com orientação de um nutricionista, pois não é para todo mundo que ela é interessante. O tratamento sempre deve ser feito individualizado!
Cafeína e aborto
O consumo de café durante a gestação está relacionado com risco aumentado de aborto espontâneo. As últimas publicações da literatura científica mostram que o consumo de 100 mg de cafeína por dia (equivalente a 1 xícara de café infusão) durante o primeiro trimestre gestacional aumenta em 14% o risco de aborto espontâneo. Além disso, pesquisas mais recentes mostram que o consumo de café no período pré-gestacional tem correlação positiva com risco de aborto espontâneo. Esta correlação não está associada somente com a cafeína, mas também aos polifenois encontrados no café, como o ácido clorogênico. A principal justificativa encontrada pelos autores foi baseada no fato de o consumo de café ter sua participação no metabolismo dos hormônios sexuais . Vale lembrar que não encontramos cafeína somente no café, mas também em alguns chás (como chá preto, chá verde), no chimarrão e no chocolate! Por isso, mulheres grávidas e que estão querendo engravidar, procure um nutricionista para lhe orientar melhor sobre essa e outras questões.
Suco de beterraba e doença cardiovascular
O aumento de colesterol e da pressão arterial são fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Mas você sabia que estratégias alimentares podem ajudar a diminuir esse risco? Esse estudo publicado em uma revista associada à Nature (uma das mais conceituadas revistas do mundo científico) avaliou o consumo de 250 mL de suco de beterraba crua ou cozida por 2 semanas. Tanto o suco de beterraba crua quanto o suco de beterraba cozida melhorou a dilatação mediada pelo fluxo (FMD), diminuiu a pressão arterial sistólica e diastólica (SBP e DBP), diminuiu moléculas de adesão (ICAM e VCAM), diminuiu marcadores de inflamação (PCR, IL-6, e-selectina e TNF-α). Entretanto, o suco de beterraba crua também diminuiu o colesterol total (TC) e LDL e aumentou a capacidade antioxidante total (TAC). Ou seja, o suco de beterraba crua foi mais eficiente em melhorar a pressão arterial, a inflamação e a função endotelial, podendo diminuir o risco de doença cardiovascular.