Microbiota e autismo

Nós últimos anos tem surgido alguns estudos que sugerem que uma alteração na microbiota intestinal pode ser um dos fatores envolvidos no desenvolvimento do transtorno de espectro autista (TEA). Além disso, vários estudos mostram uma associação entre alteração da microbiota intestinal e sintomas neurocomportamentais em crianças com TEA. Pensando nisso, estudos tem investigado o papel da utilização de probióticos nessas crianças. Nessa revisão de 2019 os autores abordam a presença de disbiose em crianças com TEA e colocam que dentre vários mecanismos que podem estar associados com essa relação entre o intestino e o cérebro, o papel da inflamação, alteração na via da serotonina e alteração na formação de ácidos graxos de cadeia curta, que ocorre em situações de disbiose intestinal, são uns dos principais responsáveis por gerar alteração no cérebro de crianças com TEA. Além disso, os autores colocam que o uso de probióticos, em especial múltiplas cepas (incluindo Lactobacillus, Bifidobacterium e Coccus), pode ser uma estratégia interessante para auxiliar na melhora dos sintomas neurocomportamentais e alterações intestinais nas crianças com TEA. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Dieta, microbiota e humor

Situações como estresse, ansiedade e depressão estão cada vez mais frequentes na população. Se você me acompanha por aqui, já sabe que várias questões nutricionais podem influenciar nesses problemas. Nesse estudo publicado em 2019, os autores avaliaram a presença de sintomas de depressão, ansiedade e estresse (através da escala DASS-42) em indivíduos adultos e associaram com a microbiota intestinal e com a dieta. Após análises, foi encontrado uma associação entre a escala DASS42 e 28 bactérias, incluindo uma relação inversa entre ansiedade e Bifidobacterium em mulheres e uma relação inversa entre depressão e Lactobacillus em homens. Já em relação à dieta, foi observado uma relação inversa entre o consumo de frutas e sintomas depressivos. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Probiótico e cognição

Se você me acompanha, sabe que já coloquei vários estudos falando da relação entre o intestino e o cérebro. Agora em 2019, autores Japoneses publicaram um estudo realizado com idosos com prejuízo cognitivo leve e que receberam probióticos. Esses idosos receberam Bifidobacterium breve por 24 semanas e, após os testes, observou-se uma melhora da cognição nesses indivíduos. Mas vale destacar que o estudo foi com um número pequeno de pacientes e que mais estudos ainda são necessários. Porém, uma coisa é fato, a relação entre o intestino e o cérebro está cada vez mais clara! Assim, procure um profissional para orientá-lo melhor.

 

Probióticos e SOP

A síndrome do ovário policístico (SOP) é uma desordem endócrina caracterizada por várias alterações clínicas e metabólicas. Uma alteração bem comum de se encontrar é o aumento da inflamação. Nesse estudo publicado em 2018, os autores utilizaram 4 cepas de probióticos (Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus plantarum, Lactobacillus fermentum e Lactobacillus gasseri), na quantidade de 1 bilhão de UFC de cada uma das cepas ou placebo, em mulheres com SOP e avaliaram a influência dessa intervenção no peso corporal e em marcadores de inflamação. Após 12 semanas, quem utilizou probióticos, diminuiu mais o peso corporal, o índice de massa corporal (IMC) e tiveram um aumento nos níveis plasmáticos de IL-10 (uma citocina com ação anti-inflamatória). Ambos os grupos (probiótico e placebo) tiveram uma diminuição de marcadores inflamatórios (IL-6 e PCR ultrassensível). Embora ainda sejam necessários mais estudos, sugere-se que o uso de probióticos possa auxiliar na modulação da inflamação nas mulheres com SOP, o que melhoraria os aspectos fisiopatológicos dessa doença. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Probióticos e vacina

A diarreia provocada por rotavírus é uma das principais causas de mortalidade infantil. A vacina oral contra o rotavírus, dada na forma de duas doses para bebês, tem menor eficácia e menor imunogenicidade em crianças de baixa renda. Dessa forma, estratégias para melhorar a efetividade dessa vacina é de extrema importância. Nesse estudo publicado em 2018, o autores investigaram o papel dos probióticos na efetividade da vacina. Para isso, eles recrutaram bebês com 5 semanas de vida, que receberam Lactobacillus rhamnosus (1010 UFC/dia) a partir da 5ª semana, até 6 semanas após a última dose da vacina (OBS: as doses foram dadas da 6ª e na 10ª semana de vida). Após análise estatística, foi evidenciado que os bebês que receberam probiótico melhoraram a imunogenicidade da vacina contra o rotavírus em 7,5%. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Microbiota e Pele

Durante a última década, os cientistas fizeram grandes progressos na compreensão do papel do microbioma na saúde humana. A maioria dos estudos se concentrou no microbioma do intestino, mas recentemente pesquisadores voltaram sua atenção para outros microbiomas, incluindo o da pele. Essa publicação de 2017 fez uma revisão sobre a influência do microbioma na saúde da pele. Após a revisão, os autores colocam que, de acordo com a qualidade desse microbioma da pele, ele pode influenciar em várias situações, incluindo: acne, envelhecimento/rugas, psoríase, dermatite atópica / eczema, dermatite seborreica, vitiligo, rosácea, câncer de pele, entre outras. Procure um bom dermatologista e um bom Nutricionista para ajudá-lo a modular essas situações.

Intestino e doenças neurodegenerativas

Não é novidade aqui no Nutrir com Ciência o papel da microbiota em vários outros órgãos do corpo. E, cada vez mais, estuda-se a relação do intestino em doenças neurológicas. Nessa revisão publicada esse ano os autores abordam 3 principais mecanismos básicos que medeiam a comunicação entre intestino e cérebro:

1)      Comunicação neuronal direta

2)      Mediadores endócrinos

3)      Sistema imunológico

Os autores colocam que esses 3 pontos criam uma rede de comunicação molecular que pode influenciar no desenvolvimento da doença de Alzheimer, doença de Parkinson e da Esclerose Lateral Amiotrófica. Dessa forma, os autores concluem que o uso de probióticos pode auxiliar na prevenção e no tratamento de doenças neurodegenerativas. Procure seu Nutricionista para personalizar sua dieta em prol de melhorar o intestino e avaliar a necessidade de suplementação de probióticos!

Probióticos e diabetes

O diabetes é uma das causas de problemas renais e, conforme a evolução das complicações renais há indicação para hemodiálise. Melhorar a homeostasia da glicose, a inflamação e o estresse oxidativo desses pacientes é de extrema importância para a qualidade de vida e para diminuir a progressão da doença. Pensando nisso, esse estudo de 2017 investigou o papel dos probióticos sobre esses parâmetros em 60 pacientes diabéticos fazendo hemodiálise. Os pacientes foram separados em dois grupos: metade recebeu placebo e metade recebeu probióticos por 12 semanas. Os probióticos utilizados foram: Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei e Bifidobacterium bifidum, na quantidade de 2 bilhões de UFC de cada cepa. Após as 12 semanas de tratamento, os indivíduos que receberam os probióticos tiveram uma melhora na homeostase da glicose e diminuíram mais a inflamação e o estresse oxidativo quando comparado com os indivíduos que receberam placebo. Ou seja, a suplementação com probióticos trouxe efeitos metabólicos benéficos aos pacientes diabéticos! Procure um nutricionista para orientá-lo melhor!

Probióticos

Já falamos várias vezes aqui no Nutrir com Ciência a importância da saúde intestinal para a saúde humana. Uma das formas de melhorar a saúde intestinal é a suplementação com probióticos. Nessa publicação de abril de 2017, os autores concluem que o uso diário de probióticos é seguro e que vai muito além da saúde intestinal e da melhora do sistema imunológico. Dentre os outros vários benefícios que os probióticos podem proporcionar, destacam-se:

  • Melhora da síndrome metabólica, auxiliando na melhora/prevenção da obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares;
  • Melhora e prevenção de doenças neuropsiquiátricas;
  • Possível ação anticâncer e antimutagênica.

Procure um nutricionista para avaliar a sua necessidade de prescrição de probióticos!

O segundo cérebro

O intestino é o centro da homeostase, ou seja, um órgão de extrema importância para o funcionamento e equilíbrio do organismo. Entretanto, sua atuação vai além da absorção e excreção, reflete, inclusive, na produção de hormônios e enzimas, valendo a observação que aproximadamente 80% do nosso potencial de imunidade se concentra na mucosa do intestino.

Sendo assim, a relação do intestino com o desempenho cerebral e imunológico é direta. Uma mucosa intestinal íntegra garante uma reprodução adequada das bactérias benéficas, o que reflete em uma e melhor absorção de nutrientes e eliminação de toxinas. Caso isto não aconteça o intestino torna-se permeável e extremamente vulnerável à alergias, enxaqueca, obesidade, diabetes e até mesmo ao câncer, ou simplesmente aqueles sintomas comuns da vida moderna: estresse, ansiedade, alteração de humor, depressão e prejuízo no sono.

Hoje já se sabe que há mais bactérias que compõem nossa flora intestinal do que células no organismo como um todo (são em torno de 100 trilhões). Por isso a importância de uma microbiota saudável, visto que esta interage com o cérebro, sendo capaz de modular neurotransmissores e citocinas inflamatórias, causando as alterações já citadas e outras mais, além de seu papel nas funções intestinais. Tampouco fica evidente o papel da alimentação e estilo de vida neste eixo, ou seja, devemos considerar os seguintes fatores vantajosos e perigosos :

Fatores vantajosos:

  • Consumo adequado de água;
  • Presença de fibras solúveis e insolúveis;
  • Mastigação;
  • Antioxidantes;
  • Atividade física;

Fatores perigosos:

  • Excesso de açúcares e carboidratos refinados;
  • Excesso de proteína animal, principalmente carnes vermelhas;
  • Xenobióticos e Alérgenos alimentares;
  • Desequilíbrio de vitaminas e minerais;

Em função destas considerações, você já conversou sobre seu tempo de trânsito intestinal com sua nutricionista? Já avaliaram a escala de Bristol? Será que sua saúde intestinal está refletindo em seu estado imunológico? Será que assim você não fica mais suscetível à infecções? E o mais importante: será que sua alimentação contribui para essa reação em cadeia? Estas dúvidas devem ser esclarecidas por um profissional capacitado. Cuide de sua saúde!

Por: Bruna Deolindo Izidro