Vitaminas e a saúde óssea

Luana Manosso (1)

Quando pensamos em vitaminas e qualidade óssea, o mais comum entre os profissionais da saúde é pensar em vitamina D.

E sim, essa vitamina é muito importante para o osso. Mas as outras vitaminas também desempenham papel importante. Em uma revisão publicada agora esse ano, os autores abordam a importância de outras vitaminas, como vitamina A, E, K, C e as vitaminas do complexo B para a melhorar a saúde óssea e diminuir o risco de osteoporose.

Porém, vale lembrar que além das vitaminas, minerais, ajustes de macronutrientes e padrão alimentar também são importantes quando pensamos em osso.

Se quiser ler mais sobre o papel das vitaminas no osso, segue a referência: Skalny, A.V.; et al. Int J Mol Med., 53(1):9, 2024. doi: 10.3892/ijmm.2023.5333.

B9 e glicemia

Ter um bom controle glicêmico é muito importante para a saúde. Em especial para pacientes com diabetes. E é claro que a alimentação é o que mais impacta nesse controle da glicose sanguínea. Porém, alguns suplementos também podem auxiliar. E um deles é o ácido fólico (ou vitamina B9). Nessa meta-análise publicada em 2021 os autores investigaram os efeitos da suplementação com ácido fólico em parâmetros de controle glicêmico. Após análises estatísticas com dados de 24 estudos, foi observado que a suplementação com ácido fólico diminuiu insulina me jejum, glicemia em jejum e HOMA-IR. Ou seja, melhorou parâmetros envolvidos no controle glicêmico. Porém, o ácido fólico não deu resultado nos níveis de hemoglobina glicada. Ou seja, ele não vai fazer milagre sozinho. É muito importante associar outras condutas. Os valores de ácido fólico variam muito entre os estudos, desde valores mais baixos (que nutricionista pode prescrever) até valores muito altos. Porém, análise do próprio estudo mostrou que o efeito do ácido fólico não tem relação linear com a dose. Ou seja, nem sempre quanto maior a quantidade, melhor. Vale lembrar que suplementar sem recomendação de um profissional da área da saúde não é a melhor opção. Por isso, procure um nutricionista para avaliar seu caso.

Vitamina C e gota

A gota é uma doença caracterizada pela elevação de ácido úrico no sangue, o que leva a um depósito de cristais de urato nas cavidades articulares. Questões nutricionais podem influenciar na gota. Por exemplo, o alto consumo de bebidas alcoólicas e de carnes vermelhas pode estar associado à maior ocorrência de gota. Por outro lado, dieta pobre em purina é amplamente reconhecida como tratamento não farmacológico para a gota. Dos micronutrientes, a vitamina C tem um destaque especial quando se pensa em gota. Nessa revisão de 2021 sobre vitamina C e gota os autores colocam que a maioria dos estudos epidemiológicos demonstram a relação entre aumento de vitamina C e diminuição de ácido úrico. Acredita-se que a vitamina C consiga agir no transporte de ácido úrico nos túbulos renais proximais e na regulação do processo inflamatório. Porém, os estudos de intervenção de suplementação de vitamina C para gota ainda são controversos, não podendo se estabelecer alguma dose ideal. Mas ajustar na alimentação a vitamina C será importante. E nunca esqueça que o profissional mais habilitado para orientá-lo sobre alimentação é o Nutricionista!

Vitamina C no mundo

A vitamina C é um nutriente essencial, ou seja, precisamos ingerir via alimentação. A falta dessa vitamina pode gerar vários problemas ao organismo, incluindo: diminuição do sistema imunológico, prejuízo na formação do colágeno, alterações de humor e ansiedade, sangramento de gengiva, entre outros. E como será que está a ingestão de vitamina C no mundo? E no Brasil? Ingerimos quantidade suficiente? Essa revisão aborda justamente isso, quais países tem ingestão adequada e quais inadequada. Segunda essa revisão, o país com menor ingestão de vitamina C, considerada deficiência grave (< 11 µmol/L), é a Rússia. Depois temos vários países com hipovitaminose C (< 23 µmol/L), incluindo Índia, México, Nigéria. Vários países tem valores inadequados de vitamina C (< 50 µmol/L), incluindo o Brasil, China, Tailândia. Níveis adequados de vitamina C (> 50 µmol/L) são observados em alguns países, incluindo Inglaterra, Japão, Canadá, Áustria e, o país com maior consumo, Alemanha. Vamos ajustar seus níveis de vitamina C? Procure seu nutricionista.

Nutrientes e osso

Pacientes com doenças inflamatórias intestinais tem risco aumentado de vários problemas, incluindo mais risco de desenvolver osteoporose. Nessa revisão desse ano, os autores abordam os principais nutrientes que precisamos pensar para tentar prevenir osteoporose nesses pacientes com doenças inflamatórias intestinais. Segundo os autores, os principais nutrientes são: cálcio, vitaminas D, A, K, C, B12, B9, fósforo, magnésio, zinco, cobre, selênio e sódio (que não pode estar nem muito alto e nem muito baixo). Além disso, os autores colocam a importância de ajustar a dieta na quantidade de macronutrientes (carboidrato, proteína e gordura) e de ofertar uma alimentação rica em polifenóis. No entendo, não significa que esses são os únicos pontos que devem ser pensados. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Alimentação e psicose

A esquizofrenia é uma doença neuropsiquiátrica grave, que acomete mais de 20 milhões de pessoas no mundo. O que algumas pessoas não sabem, é que hábitos alimentares podem influenciar nessa doença. Os autores dessa publicação revisão vários artigos e colocam os principais pontos a serem levados em consideração quando pensamos em alimentação e esquizofrenia. Alguns estudos demonstram uma conexão entre psicoses e uma má alimentação, dieta rica em carboidrato refinado e gordura e dieta pobre em fibra, ômega-3, ômega-6, vegetais, frutas, vitaminas e minerais. Das vitaminas e minerais, o que tem mais de estudo são com vitamina B12, vitamina B6, folato, vitamina C, zinco e selênio. Também temos estudos mostrando benefícios de alguns aminoácidos, como serina, lisina, glicina e triptofano. Por outro lado, alergia alimentar parece influenciar de forma negativa na esquizofrenia. Mas vale destacar que ainda não necessários mais estudos. Por isso, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Transtorno de neurodesenvolvimento

A nutrição materna é super importante para o desenvolvimento cerebral do bebê. E isso ocorre tanto no período pré-concepção quanto durante a gestação. Por outro lado, alterações nesses períodos podem predispor a um risco de transtornos de neurodesenvolvimento, como o transtorno de espectro autista. Após uma varredura de mais de 2000 estudos, essa meta-análise avaliou 20 estudos associando a nutrição materna com o riso de transtorno de espectro autista. Após análises, foi observado que as mulheres que tinham mais ácido fólico e faziam o uso de suplementos multivitamínicos, tinham menos risco do bebê desenvolver transtorno de espectro autista. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

Ovo e ingestão nutricional

Mês passado eu coloquei um artigo falando sobre os vários nutrientes que o ovo possui, você se lembra? Mas será que a ingestão de ovos realmente aumenta a ingestão de nutrientes quando comparado com quem não ingere ovo? Foi isso que esse artigo publicado agora em 2019 investigou. Ele avaliou mais de 20.000 crianças e adolescentes e correlacionou a ingestão ou não de ovos com a ingestão de vários nutrientes. Após análises, foi evidenciado que os indivíduos que consumiam ovos ingeriam mais proteína, gordura monoinsaturada, gordura poli-insaturada, ácido alfa-linolênico, DHA, colina, luteína/zeaxantina, vitamina D, potássio, fósforo e selênio. Além disso, eles ingeriam menos açúcar. Porém, eles tinham um aumento de sódio e gordura saturada. Ou seja, com alguns ajustes alimentares, o consumo de ovos pode sim trazer benefícios para os indivíduos. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

 

Audição e nutrição

A perda de audição é um problema de saúde pública e tem aumentado consideravelmente na população. Mas você sabia que vários nutrientes são importantes para evitar a perda de audição? Essa revisão de 2019 aborda os principais micronutriente e cuidados com macronutrientes quando se pensa em manter a audição adequada. Dos micronutrientes, os autores colocam a importância principalmente das vitaminas A B, C, D, E e dos minerais: zinco, magnésio, selênio, ferro e iodo. Em relação aos macronutrientes, os autores colocam que uma maior ingestão de carboidratos, gorduras e colesterol, ou uma menor ingestão de proteínas pode piorar o estado auditivo. Por outro lado, um maior consumo de ácidos graxos poli-insaturados tende a melhorar a audição. Mas lembre-se, antes de tornar essa informação uma verdade absoluta, procure por um bom nutricionista!

 

Ovos

O consumo de ovos na alimentação já gerou e gera ainda bastante polêmica. É o vilão? É o mocinho? Mas você sabe todos os nutrientes que o ovo tem? Entender os aspectos nutricionais dos ovos pode te ajudar a definir o quanto adicionar esse alimento na sua dieta. Essa revisão de 2019 aborda os principais aspectos nutricionais dos ovos.

Em relação aos macronutrientes, a clara do ovo tem aproximadamente 87,8% de água, 10,9% de proteína, 0,9% de carboidrato e 0,2% de gordura. Já a gema do ovo tem aproximadamente 55% de água, 15,5% de proteína, 1,1% de carboidrato e 26,7% de gordura. Se considerarmos 100 g de ovo, ele contem uma média de 12,5 g de proteína (100 g de gema tem em torno de 15,9 g e 100 g de clara tem em torno de 10,9 g de proteína). A quantidade de lipídeo total varia de 8,7 a 11,2 g por 100 g de ovo, sendo que a quantidade de ácidos graxos monoinsaturados é maior do que a de ácidos graxos saturados.

Além de macronutrientes, o ovo é cheio de micronutrientes, em especial na gema do ovo. A gema do ovo contém praticamente todas as vitaminas, exceto vitamina C. Vale a pena destacar a quantidade de colina, que é de cerca de 680 mg em 100 g de gema. Já a clara do ovo contém um pouco de vitaminas do complexo B, em especial B2, B3 e B5. A vitamina B3 é a única vitamina que tem mais na clara do que na gema do ovo. Em relação aos minerais e elementos traços, os ovos possuem cálcio, cobre, iodo, ferro, magnésio, manganês, fósforo, potássio, selênio, sódio e zinco. Desses, a maioria está presente na gema. A clara por sua vez, tem um pouco mais de magnésio, potássio e sódio.

Os ovos também possuem proteínas com ação antimicrobiana e imunomodulatórias. Ou seja, o ovo tem vários nutrientes importantes para a saúde. Mas lembre-se, o profissional mais habilitado para saber o quanto você deve ingerir de ovo é o nutricionista. Procure o seu.